Se governo do Rio pedir, Planalto se dispõe a discutir GLO
GLO poderia ser aplicada em situação restrita, limitada aos complexos da Penha e do Alemão e nos caminhos para portos aeroportos
O governo federal está disposto a decretar uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no Rio de Janeiro, se o governador Cláudio Castro (PL) pedir.
Esta possibilidade está sendo discutida do Palácio do Planalto. Mas a área de segurança do governo federal defende que a GLO só seja aplicada em situação restrita do ponto de vita de localização e de tempo.
Não seria, por exemplo, uma GLO em toda a cidade, ou todo o estado do Rio de Janeiro. Mas poderia ser limitada aos complexos da Penha e do Alemão, onde o governo estadual promoveu na semana uma megaoperação contra o Comando Vermelho com 121 mortes.
A vantagem da GLO é que ela permite a convocação das Forças Armadas federais para o combate ao crime.
A coluna apurou neste domingo (01) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá mandar publicar nesta segunda-feira, no Diário Oficial da União, a decretação em Belém (PA) de uma GLO voltada para os eventos da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes).
Lula atenderá um pedido feito pelo próprio governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ao governo federal. A conferência, em si, tem início no dia 10 e vai até 21 de novembro. Mas os primeiros eventos começam já nesta semana com a Cúpula de Líderes, nos dias 6 e 7.
No Rio de Janeiro, a extensão da GLO depende também do interesse do governador. Lula tanta evitar que o tema segurança se transforme numa rinha do governo federal contra o governo estadual.
Se Cláudio Castro quiser, o Palácio do Planalto está disposto também a utilizar a GLO nas principais vias de acesso aos aeroportos e portos no Rio de Janeiro e até em algumas estradas.
Mas esse tipo de detalhamento ainda não foi discutido, embora as Forças Armadas já estejam se preparando para a eventualidade.
O governo federal vê interesse da oposição em utilizar o tema da segurança como arma de campanha eleitoral. Daí o ato de solidariedade promovido por governadores de direita no Rio de Janeiro na última quinta-feira (30). Mas Lula está tentando se desviar da polêmica.
O presidente não criticou publicamente a operação policial do Rio de Janeiro. Deixou para a esquerda no Congresso as críticas mais duras que comparavam a operação a uma chacina.
Havia expectativa na esquerda de que Lula abordasse o tema na quarta-feira (29), no evento de posse do deputado Guilherme Boulos (PSol-SP) como ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência. Mas isto não ocorreu.
À noite, nas redes sociais, o presidente falou em "trabalho coordenado" contra o tráfico de drogas "sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco".
O problema é que o Palácio do Planalto não vê no governador do Rio disposição para um trabalho em conjunto.
A avaliação é de que a operação melhorou os índices de popularidade de Cláudio Castro e unificou o discurso da direita no país, que estava meio desorientada com o tarifaço promovido pelos Estados Unidos contra o Brasil.
Diante disso, é pouco provável que o governador aceite alguma aproximação com o governo federal neste momento.
Então Lula está sendo aconselhado a ter calma, esperar a poeira baixar. A política "bandido bom é bandido morto", na avaliação do Planalto, já se mostrou ineficaz contra o crime no médio prazo, em outras situações. Então chegará o momento em que o governo do estado optará pelo diálogo.