O PL já dá como certo que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) quer mesmo deixar o partido. Ele só deverá permanecer, segundo caciques do partido, se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assim determinar.
A informação que circula no partido é de que estão avançadas as negociações do filho Zero-Três do ex-presidente com o PRTB. O presidente do partido, Leonardo Araújo, lhe teria oferecido a legenda para concorrer a presidente da República.
O PRTB tem como presidente de honra o influenciador digital Pablo Marçal, que chamou a atenção por provocar polêmicas na campanha eleitoral de 2024 como candidato a prefeito de São Paulo. Marçal terminou a eleição em terceiro lugar e inelegível, com três condenações na Justiça eleitoral.
Eduardo já admitiu publicamente que deseja se candidatar ao Palácio do Planalto. No PL, no entanto, a avaliação é de que sua candidatura só será possível se o pai o apoiar. E Jair Bolsonaro tem dato sinais ao partido de que sua preferência é pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O problema é que o simples fato de Eduardo manter de pé a possibilidade de concorrer dificulta que o governador de São Paulo desista da reeleição para disputar a Presidência.
Tarcísio tem que tomar a decisão até abril, prazo máximo estabelecido pela Justiça eleitoral para se desincompatibilizar do Palácio Bandeirantes, se quiser concorrer ao comando do Palácio do Planalto.
Na campanha pela Prefeitura de São Paulo, Bolsonaro adiou o quanto pode o anúncio do apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A demora dividiu seu eleitorado entre Nunes e Marçal.
O governador não quer que isso se repita. Já considera uma aventura a disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja popularidade foi insuflada pela campanha do clã Bolsonaro em favor do tarifaço de Donald Trump contra as empresas brasileiras.
Se, além disso, Tarcísio tiver que lidar com o jogo duplo de Bolsonaro entre apoiá-lo e apoiar o filho, fica impossível concorrer.
Durante um evento em São Paulo nesta quinta-feira, 25, o governador disse que viajará a Brasília para se encontrar com Bolsonaro. Gerou expectativas de que, na visita, o ex-presidente possa antecipar o anúncio do apoio para ele concorrer à Presidência. Mas Tarcísio negou esta possibilidade. Insistiu novamente que é candidato à reeleição. "Eu sou candidato à reeleição, não tem nada disso" afirmou.
Segundo Tarcísio, sua visita ao ex-presidente será apenas um encontro entre amigos: "Eu vou visitar um amigo e prestar solidariedade a ele. É uma coisa que eu vou fazer sempre, porque tenho preocupação e consideração com uma pessoa que sempre foi muito importante para mim."
Entre os bolsonaristas há também expectativa de que o governador aproveite a passagem por Brasília para fazer campanha no Congresso em favor da aprovação do projeto de anistia ampla, geral e irrestrita, que libere Bolsonaro da prisão.
Mas isso é outro problema para Tarcísio. O centrão já trocou a anistia pela proposta de diminuição das penas dos condenados no julgamento de tentativa de golpe Estado.
Para os partidos do centrão, a chamada Faria Lima quer mesmo Tarcísio como candidato, e a anistia de Bolsonaro mais atrapalha do que ajudaria na campanha do governador.