Por: Sérgio Nery

JORNAL DE TURISMO | Sabino oficializa saída do Ministério do Turismo

Ministro deve deixar cargo nesta quarta-feira | Foto: Roberto Castro/MTur

O ministro do Turismo, Celso Sabino, deve apresentar nesta quarta-feira (24) sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após o retorno da comitiva brasileira de Nova York, onde o chefe do Executivo participa da Assembleia Geral da ONU. A saída foi sacramentada pelo movimento do União Brasil de desembarcar do governo. Em Belém, sua cidade natal, o ministro destacou nesta semana os números positivos de sua gestão, especialmente, a marca de 7 milhões de turistas estrangeiros no país em 2025, superando o recorde de 6,8 milhões registrado no ano anterior. Segundo a Polícia Federal, o número foi confirmado no último domingo. Sabino afirmou ainda que a expectativa é atingir 10 milhões de visitantes estrangeiros até o final do ano, o que representaria um crescimento expressivo de mais de 40% no período. Os dados atestam o momento positivo do setor e a otimista previsão reforça a importância do turismo internacional no calendário de 2025, que terá como destaque a realização da COP30 em Belém, a maior cúpula climática do mundo.

 

Sabino desprestigia o CNT

Em seus últimos atos como ministro, Celso Sabino repetiu uma conduta alarmante: o desabono com o Conselho Nacional de Turismo. Mais uma vez, o titular da pasta ignorou uma agenda, que ele próprio convocou, com as lideranças do trade durante a Equipotel. Os representantes do setor esperam e precisam ser ouvidos, até para que o próprio CNT cumpra sua função de contribuir na concepção das políticas públicas. É esperado que o sucessor de Sabino, demissionário do ministério, conceda a devida relevância ao órgão colegiado.

Disputa pela cadeira

A iminente saída de Sabino reacendeu a disputa pelo Turismo. Para além dos cálculos partidários, com o PDT de olho no cargo, o setor precisa de preparo técnico. O nome da secretária executiva Ana Carla Lopes, paraense como Sabino, ganha força, pois reúne experiência e reforçaria a conexão com a COP30 em Belém. Já Marcelo Freixo, outro nome ventilado pelo PT, tem pretensões eleitorais que fariam de uma passagem pela pasta apenas um trampolim, não uma política de Estado.

Demissão imposta pelo partido

A demissão forçada de Celso Sabino do Ministério do Turismo, motivada pelo embate entre o presidente do União Brasil e o governo federal, encerra um ciclo com saldo positivo para ambas as partes. O turismo apresentou crescimento e números recordes e o cenário é positivo no período. Já Sabino deixa a pasta com nome fortalecido para sua corrida eleitoral ao Senado no ano que vem, apesar de ter sido compelido a perder a grande vitrine que seria liderar a COP 30 em sua cidade natal.

COP 30 exige atenção máxima

O desafio inicial do novo titular da pasta será solucionar os gargalos que ameaçam o sucesso da COP 30 em Belém, especialmente, a crise gerada pelos altos preços da hotelaria. Até o momento, quase metade dos países ainda não tem hospedagem em Belém a dois meses da COP 30. Uma parcela de 79 delegações já tem planejamento de viagem, enquanto outras 70 seguem sem definição. Para aliviar os custos, a ONU aumentou a Diária de Subsistência destinada a delegados de países em desenvolvimento, de US$ 144 para US$ 197.

Imagem de um país como destino

A crise nas hospedagens em Belém ameaça a imagem do Brasil no cenário internacional e pode ser responsável por afastar delegações da COP30 em novembro. O ministro Celso Sabino tem atuado em defesa do evento e entregou à ONU Turismo carta aberta pedindo maior participação dos países-membros. Chama atenção, porém, a ausência neste debate do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, justamente à frente da agência responsável por promover o Brasil no exterior e fortalecer a imagem do Brasil como destino turístico global.