Por: Sérgio Nery

JORNAL DE TURISMO | Aeroportos brasileiros como polos de negócios

Ministro apresenta programa Investe Aeroportos | Foto: Foto: Jonilton Lima

O Ministério de Portos e Aeroportos lançou no dia 15 de setembro o programa Investe Aeroportos, que prevê quase R$ 10 bilhões em investimentos privados ao longo da próxima década. A iniciativa busca transformar terminais concedidos em polos de negócios, atraindo shoppings, hotéis, hospitais, escolas e centros logísticos.

Para isso, foi atualizada a Portaria Minfra nº 93/2020, que flexibiliza regras de cessão de áreas, amplia prazos contratuais e reforça a segurança jurídica para novos projetos.

Entre 2023 e 2025, 19 empreendimentos já foram aprovados, somando R$ 4,5 bilhões em aportes. Segundo o ministro Silvio Costa Filho, a meta é atrair cerca de R$ 1 bilhão por ano, consolidando os aeroportos como motores de geração de emprego, renda e desenvolvimento regional. Representantes de 13 concessionárias estiveram presentes, representando 59 aeroportos concedidos, que concentram 93% dos passageiros e 99% da carga movimentada no país.

A atividade aeroportuária responde por 411 mil empregos e mais de R$ 5 bilhões em impostos.

 

Entre o voo e o varejo

O entusiasmo do governo com o Investe Aeroportos esconde riscos: a dependência excessiva das chamadas "receitas não-aéreas" pode tornar os aeroportos reféns de lógicas comerciais que pouco dialogam com a aviação. A iniciativa flexibiliza contratos e garante mais tempo para amortizar investimentos, mas até que ponto beneficiará passageiros e operadores? Os aeroportos brasileiros serão verdadeiros hubs de desenvolvimento ou apenas centros comerciais disfarçados, com tarifas e custos ainda mais pesados para os envolvidos?

Operadoras alertam sobre Belém

Dados do Boletim Braztoa 2025 mostram que a COP30 ainda não se traduz em benefício claro para Belém. Pelo contrário: apenas 12,9% das operadoras registraram aumento de interesse, enquanto 22,6% observaram retração e 41,9% demonstram receio de que falhas de organização prejudiquem a imagem da cidade no trade turístico. Com preços inflacionados na hotelaria e desafios logísticos, Belém corre o risco de perder a oportunidade de se firmar como destino turístico no pós-COP30.

Ministro e sua agenda positiva

Apesar dos números alarmantes, o ministro Celso Sabino mantém sua agenda em Belém com discurso positivo sobre o sucesso da COP30, a 60 dias do evento global. Sabino, que se mantém no cargo apesar do embate entre o União e o Planalto, visitou na última semana as obras do Parque da Cidade, espaço de 500 mil m² que está com quase 80% das obras concluídas. O equipamento conta com investimentos de R$ 980 milhões e será o ponto de encontro de chefes de Estado e delegações.

Crescimento respalda Sabino

Para permanecer no cargo pelo menos até a COP30, Sabino se apoia nos números positivos do turismo, como reflexo de sua gestão. Entre janeiro e julho, o agregado especial de atividades turísticas apresentou expansão de 6,1% em comparação ao mesmo período do ano passado e mantém 14 meses seguidos de alta. O resultado é impulsionado pelo aumento de receita em segmentos como transporte aéreo de passageiros, hospedagens e alimentação. Os dados do IBGE revelam que São Paulo e Rio lideram crescimento regional.

Recordes de faturamento

Levantamento mensal da Fecomercio/SP, a partir de dados do IBGE, aponta que o setor faturou quase R$ 108 bilhões no primeiro semestre de 2025, o maior valor já registrado na série histórica da entidade, iniciada em 2012. O resultado representa um crescimento de 6,9% na comparação com igual período do ano passado, o que totaliza um adicional de R$ 7 bilhões. Todos os segmentos analisados tiveram avanços, com destaque para o transporte aéreo de passageiros: faturamento de R$ 27,3 bilhões, alta de 10,6% na comparação anual.

MTur defende colaboração entre países no G20 Turismo

O Brasil encerrou sua participação na Reunião de Ministros do G20 Turismo, na África do Sul, defendendo o multilateralismo como caminho para um setor justo e sustentável. Representando o ministro Celso Sabino, a secretária executiva, Ana Carla Lopes, destacou a força do bloco, responsável por 85% do PIB global e reforçou que o turismo deve ser exemplo na transição verde e inclusiva.

A Declaração de Mpumalanga manteve compromissos com a Agenda 2030, o Acordo de Paris e a ética no uso da inteligência artificial. Como próximo passo, o Brasil convidou os países para a COP30 em Belém. Entre as 196 nações convidadas, apenas 74 confirmaram presença e 35 estão em processo de negociação.