Desafios ambientais
A COP-30, o principal encontro do planeta, tem a intenção da busca de soluções para salvá-lo do desastre ambiental que se avizinha a passos largos. Ela acontece pela primeira vez no coração da Amazônia. Na linda cidade de Belém, capital do Pará.
O evento se realiza 33 anos depois do primeiro grande encontro mundial promovido pela ONU sobre o tema, a ECO 92, aqui no Rio de Janeiro.
De 1992 para cá, o grande fato econômico, social e ambiental do planeta foi a incorporação, pela China, de centenas de milhões de pessoas ao consumo e a uma vida digna. Além da China, a Índia nesse período incorporou milhões de pessoas ao consumo, assim como o Brasil. Os países do Brics, principalmente, evoluíram na dignidade aos seus habitantes. Longe ainda do mínimo ideal, na maioria dos casos.
Essa entrada no mercado de consumo de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo teve como decorrência, obviamente, mais indústrias, mais produção de energia com o uso de combustíveis fósseis, expansão da construção civil e tudo o mais que as populações dos países do G7 - Estados Unidos, Japão , Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá, já tinham experimentado nas décadas de 40, 50, 60 e 70 do século passado.
O desafio do planeta é manter a evolução tecnológica, industrial, agrícola e de serviços, sem aumentar a temperatura da Terra, que já está em níveis assustadores. Para isso, a busca de alternativas de preservação ambiental e tecnologias ambientalmente sustentáveis é o grande desafio. Crescer e distribuir renda sem se autoflagelar.
Em todos os países do mundo os entes federativos podem dar sua contribuição. Já que o poder público trabalha com escalas sempre superiores ao setor privado, no atendimento das demandas de suas populações. Tanto a união, estados e municípios.
Aqui no estado fizemos muito pelo meio ambiente. Inauguramos o maior número de parques estaduais da história. Nosso estado, de 2007 a 2014, foi o que mais preservou sua Mata Atlântica, implantamos o critério diferenciado de distribuição do ICMS aos municípios, com a criação do ICMS Verde. Municípios com as melhores práticas de políticas públicas ambientais recebem um valor a mais na distribuição do imposto.
Durante os anos de paz com as UPPs, o projeto Fábrica Verde, instalado em diversas comunidades, tinha centenas de jovens dedicados a recuperar computadores inservíveis e torná-los funcionais outra vez. A criação da Guarda Florestal permitiu maior segurança em nossos parques estaduais. Ganhamos prêmios internacionais com a primeira estrada feita com asfalto borracha, a RJ 122. Nela usamos 30 mil pneus descartados que estariam hoje na natureza poluindo o ambiente. Criamos o INEA, o Instituto Estadual do Ambiente, e promovemos o primeiro concurso público para profissionais da área ambiental. Dragamos centenas de quilômetros de rios e lagoas em todo o estado. Desobstruímos o Canal do Itajurú, em Cabo Frio, e com isso a salvação da Lagoa de Araruama.
Entretanto, a maior colaboração de meu governo para o meio ambiente foi a construção de mais de 20 quilômetros de metrô, com a inauguração de 10 novas estações metroviárias. Sequestramos carbono na área metropolitana como nunca havia ocorrido na história do Rio. Quantas milhares de pessoas deixaram de usar ônibus ou automóveis e passaram a usar o metrô?
O Rio há 9 anos não inaugura uma estação de metrô sequer. Isso é grave. Nos últimos anos se viu a expansão de linhas de ônibus pelo modelo BRT, um paliativo que polui e não é transporte de massa. No encontro das cidades do C-40, na semana passada aqui no Rio, a tônica foi o investimento em mobilidade sustentável, isto é, metrô! Se os entes federativos não se debruçarem sobre esse desafio - a expansão metroviária nos centros urbanos brasileiros - teremos cidades insustentáveis. O trânsito cada vez mais caótico e poluente.
É hora de uma pauta ambiental comum, entre todas as autoridades públicas, para que nossos filhos, netos e bisnetos tenham vida e de qualidade.
*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho