Escrevo meu artigo nesse domingo, 14 de abril, com o mundo atento e tenso com os desdobramentos do conflito Israel versus o mundo homofóbico , misógino, racista, antidemocrático e teocrático do Irã e seus satélites no Oriente Médio e outros cantos do planeta.
O povo iraniano é massacrado por um regime intolerante, perseguidor, que inibe seus jovens de ser livres, que tolhe o ensino universitário, que põe a mulher no lugar de subalternidade.
O Irã é o berço da civilização persa. Mil anos antes de Cristo, o povo nômade perse escolheu o sul do Irã e ali foi desenvolvida uma das civilizações mais prósperas da humanidade. Foram diversos legados para a civilização.
Já o atual governo iraniano destrói valores individuais e coletivos no seu próprio país. Por exemplo, o cinema iraniano. Um dos mais destacados do mundo. Vi diversos filmes iranianos marcantes. Cujos diretores, roteiristas, atrizes, atores vivem fora de seu país, ou ainda no Irã, numa luta quixotesca contra um regime bruto e impiedoso.
Qualquer dúvida, veja a obra do cineasta Mohsen Makhmalbaf ou leia Salman Rushdie, o britânico de origem muçulmana indiana.
A cretinice na interpretação da fé nos países onde prevalece o monoteísmo não se restringe ao regime iraniano e sua distorcida interpretação do Alcorão. No próprio governo israelense há ortodoxos de direita que distorcem a Torá; a diferença é que Israel tem uma sociedade livre e vibrante. Como há no mundo ocidental gente que distorce a Bíblia. Políticos que fazem panfletagem em nome de Deus, na condenação de hábitos e costumes "pecaminosos".
Diante dessa sequência de absurdos de governos, partidos, milícias religiosas armadas, nos resta cantarolar o ótimo samba de Almir Guineto:
"Tudo que se faz na Terra, se coloca Deus no meio, Deus já deve estar de saco cheio".
Fé e Estado devem andar separados sempre.
Quando isso não ocorre, como civilização, andamos para trás.
*Jornalista. Instagram:
@sergiocabral_filho
