CORREIO POLÍTICO | Brasil: ou a mão cega executa ou o coração perdoa

Por POR RUDOLFO LAGO

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Os lindos versos do Fado Tropical, declamados por Ruy Guerra no disco Calabar, promovem um interessante diálogo entre Chico Buarque e seu pai, Sérgio Buarque de Hollanda. O personagem dos versos é o "homem cordial" descrito por Sérgio Buarque. E o "cordial" usado pelo historiador nada tem a ver com gentilezas. O sentido é de passionalidade. Um homem movido pelo coração. Que age, então, como Chico escreve no Fato Tropical: "Mais que depressa a mão cega executa, pois que se não o coração perdoa". Assim vai o "homem cordial" brasileiro. Sua sina parece sempre alternar momentos de exceção e violência a outros de perdão. E, assim, o "homem cordial" acaba um homem frustrado.