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CORREIO POLÍTICO | Luiz Fux junta-se a Nunes Marques e André Mendonça

| Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Até sua apresentação no julgamento dos acusados de tentativa de golpe de Estado, nesta quarta-feira na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Fux era classificado pelos colegas como independente, em se tratando da polarização entre lulistas e bolsonaristas que tomou a politica brasileira.

Bolsonaristas eram apenas os ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Nunes Marques e André Mendonça.

São tidos como lulistas os dois indicados pelo atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: Flávio Dino e Cristiano Zanin. Os demais sete ministros é que formam, digamos, o centrão do STF. Ora, mais conservador, ora mais progresista. Mas sempre alheios ao PT e ao PL.Fux agora tem lado.

 

O capo do golpe

Os colegas de Luiz Fux no STF esperavam que ele divergisse do relator, Alexandre de Moraes, no julgamento dos acusados de golpe de Estado. Esperavam até que ele decidisse pela absolvição de Jair Bolsonaro. Mas não esperavam que discursasse como um advogado.

Cid Condenado

O general Braga Netto não conta com muita simpatia no Alto Comando do Exército. Havia até certa torcida por sua condenação. Mas militares de ala patente não gostaram da narrativa de Luiz Fux, que tirou de Bolsonaro o comando do golpe e jogou no colo da caserna.

STF condena Braga Netto por abolição do estado de Direito

Braga Netto está preso desde dezembro de 2024 | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O ministro Luiz Fux votou nesta quarta-feira (10) pela condenação do general Braga Netto, um dos oito réus do núcleo um do plano de tentativa de golpe de estado, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Com o entendimento de Fux, há maioria de três votos pela condenação do general. Os outros dois votos foram proferidos ontem (9) pelos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

A maioria absolveu o militar dos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Preso

General da reserva e vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, o militar está preso preventivamente desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir e tentar interferir nas investigações do plano e acessar conteúdos sigilosos da delação premiada de Mauro Cid.

Delação

Em um dos depoimentos de delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, réu e delator da trama golpista, disse que Braga Netto entregou a ele dinheiro dentro da sacola de vinho para o financiamento das ações do plano golpista. A defesa nega.

Voto

No voto proferido durante o julgamento na Primeira Turma, Fux entendeu que uma reunião entre Braga Netto, Cid e militares kids-pretos confirmam que o general planejou e financiou atos para assassinar o relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes.

Mauro Cid

Além de Braga Netto, Luiz Fux também votou pela condenação por abolição do Estado Democrático de Direito contra Mauro Cid, delator do caso. Porém, ele votou pela absolvição nas acusações de golpe de Estado, organização criminosa armada e dano ao patrimônio