Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Pesquisa mostra tamanho do drama das bets

Brasileiros e bets: viciados e endividados | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Se os números apresentados na semana passada no relatório do Banco Central já assustam, mais assombroso ainda é o cenário do impacto das apostas bets na vida do brasileiro quando isso é traduzido pelas experiências e sentimentos de quem joga. E é isso o que transparece em uma pesquisa que o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) encomendou e que foi apresentada no dia 12 de setembro em uma reunião com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. O Correio Político teve acesso à apresentação. Infelizmente, ela não informa quando a pesquisa, do Instituto Locomotiva, foi feita nem qual o seu universo. Procuramos o IDV em busca de tais informações, mas não houve resposta.

 

52 milhões

De qualquer modo, a apresentação feita a Alckmin impressiona. E reforça muito os dados do relatório do Banco Central feito a partir das movimentações com Pix. Segundo o levantamento do IDV, 52 mihões de brasileiros (34% da população) já apostaram em bets.

Classes baixas

A maioria dos apostadores (53%) são homens. E o dado mais preocupante: 79% daqueles que disseram apostar pertencem às classes C, D e E. As bets são, portanto, uma opção de aposta dos mais pobres. E 53% disseram que apostam para ganhar dinheiro.

Epidemia mais avassaladora que a covid-19

Maioria chegou às bets pelos times de futebol | Foto: Divulgação/Fluminense

A apresentação feita pelo IDV a Geraldo Alckmin traz um dado assustador. Segundo a pesquisa, 25 milhões dos apostadores começaram a jogar nos sete meses iniciais de 2024. Como efeito de comparação, o coronavírus levou 11 meses para infectar o mesmo número de pessoas com a covid-19. Ou seja: a epidemia é mais contagiosa, rápida e avassaladora que a doença que matou mais de 700 mil pessoas somente no Brasil. Esse novo grupo que começou nos últimos sete meses inclui mais mulheres e pessoas de menor renda. O caminho para o jogo, segundo 68%, vem da propaganda e do patrocínio dos times de futebol.

Riscos

É aí que começam os riscos, segundo o IDV. Na apresentação a Alckmin, o instituto lembrou que não há nenhum filtro que impeça crianças de serem impactadas. A grande maioria delas (82%) tem redes sociais. E há mais de 10 milhões de crianças com conta bancária.

Muito dinheiro

Um percentual de 60% diz conhecer alguém que está perdendo muito dinheiro apostando. E 67% disseram conhecer pessoas que estão ficando viciadas. Já sentiram ansiosos por jogar 65% dos que se declararam apostadores na pesquisa apresentada pelo IDV.

Consequências

A pesquisa mediu as consequências. Afirmaram já ter tido sua renda comprometida 63% dos apostadores. Um percentual de 37% disse ter pego dinheiro de despesas importantes para jogar. E 66% acham que já apostaram mais do que deveriam.

Sugestões

A Alckmin, o IDV apresentou sugestões, como limitar e regulamentar a propaganda (80% disseram que há excesso de propaganda de bets). Ou proibir apostas com cartão de crédito e após empréstimos para evitar o risco de endividamento, especialmente dos mais pobres.