Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Na Câmara, o jogo vira o tempo todo

Pacto entre União e PSD pode enfraquecer Motta | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A nova novela da TV Globo estreou esta semana com o slogan "O jogo vira o tempo todo". No caso da novela, será preciso esperar para ver se de fato ali haverá mesmo tantas reviravoltas quanto o slogan promete. Desenrola-se, no entanto, uma novela na Câmara dos Deputados que parece já entregar tais emoções. Na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Casa, 'o jogo vira o tempo todo". Na quarta-feira (11), o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), terá uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ficou claro, então, que Elmar de fato não desistiu do jogo depois da entrada na corrida do líder do Republicanos, Hugo Motta (PB). E o fato de Elmar resolver conversar com Lula em busca de apoio é outra reviravolta.

 

Padrinho

Magoado com Lira por ter acenado apoio a Motta, Elmar sai em uma inusitada busca de outro padrinho para a sua candidatura. E é curioso que ele, antes de discurso tão independente, vá tentar buscar novo abrigo justamente em Lula, em seu governo e no PT.

Diálogo

Nesse sentido, é curiosa uma declaração dada por Elmar ao jornal Estado de São Paulo. "Estamos construindo um centro democrático", disse ele. "Nós queremos abrir um diálogo que estava interditado". Interditado por quem? Por Arthur Lira e seus interesses até então?

Pacto do PSD com União é outro capítulo

Brito avalia estar de volta ao páreo | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

"O Centrão virou centrinho", provoca Elmar. E essa parece ser mesmo a chave do processo agora. A entrada de Hugo Motta no jogo rachou o Centrão. O Republicanos parece unir-se agora ao PL em torno de Motta. E União e PSD fizeram um pacto no qual Elmar e o líder do PSD, Antônio Brito (BA) se dão apoio recíproco: um apoiará o outro, aquele que até fevereiro se mostrar mais forte. Com o Centrão rachado, o PT, que antes era coadjuvante, virou fiel da balança. Não tem força para fazer um candidato próprio, mas pode decidir o jogo. É por isso que Elmar irá a Lula. Mas, na verdade, quem talvez volte para o jogo é Antônio Brito.

Brito

Elmar nunca foi o nome preferido do governo. Ao contrário de Antônio Brito. Segundo o Radar do Congresso, ferramenta do site Congresso em Foco que mede as atuações parlamentares, os dois se assemelham na taxa de governismo, mas Brito é mais fiel que Elmar.

Elmar

Brito votou com o governo em 92% dos casos. Elmar, em 87%. Brito, porém, tem ainda outro trunfo: foi contrário ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O PSD, então, agora acredita que ele possa crescer caso fique honrado o pacto com o União Brasil.

Bloco

Como declara o próprio Elmar, pode estar nascendo um novo bloco, mais próximo do governo. O que poderia dar a Lula a partir do ano que vem um pouco mais de tranquilidade, numa composição em que consiga ficar menos refém do que ficou com Lira.

Motta

Motta está fora do páreo? Certamente, não. Mas também fica obrigado a fazer seus movimentos. A avaliação no PSD é que o jogo não está tão jogado quanto parecia quando Marcos Pereira (Republicanos-SP) abriu mão de sua candidatura em favor de Motta.