Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Wagner ou Coronel: os relatores de Galípolo

Se tudo correr bem, o relator será Wagner | Foto: Pedro França/Agência Senado

Dois nomes neste momento são os mais cotados para serem os relatores da indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central: o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ou o vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Ângelo Coronel (PSD-BA). São dois perfis bem diversos. E isso não é por acaso. A escolha irá depender de como avançarem as negociações com o Senado que, neste momento, como já contamos aqui na quinta-feira (28), não andam muito boas. Se tudo for bem conduzido, a relatoria fica para Wagner, que seria, assim, um representante do próprio governo. Se a coisa desandar, fica para Coronel, mais independente, representante dos próprios senadores.

 

Há problemas?

Há problemas com o nome de Galípolo? Com ele, pessoalmente, não há problema. Mas há problemas com a condução do processo. Os senadores acham que o governo tenta impor a indicação goela abaixo. E estão colocando na conta diversas coisas.

Dia 10

O governo já entendeu que, evidentemente, não daria para marcar a sabatina já para a próxima terça-feira (3), como chegou a pensar. Mas continua pressionando para que ela aconteça na semana seguinte, de 10 de setembro, quando haveria sessão presencial.

Problemas agora envolvem as emendas orçamentárias

Se problemas continuarem, relator será Coronel | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Como contamos aqui, há primeiro um problema com a liturgia. Os senadores não querem abrir do tradicional beija-mão, no qual o indicado percorre os gabinetes pedindo a benção. Momento de uma conversa no silêncio dos gabinetes, onde sabe-se lá o que se negocia. Mas há outros problemas. E o último deles envolve o acerto sobre como ficarão as emendas orçamentárias. Os senadores não gostaram de algumas ideias que o governo lançou sobre o novo modelo proposto, que retiraria poderes da destinação da mão dos parlamentares para os governadores. Muitos deputados e senadores são adversários locais dos governadores.

CAE

Há outras queixas sobre acordos quebrados. A CAE, por exemplo, queixa-se de ter sido atropelada na discussão da reforma tributária, quando o governo designou relator sem que o tema passasse por ela. Por isso, Vanderlan não pretende se mover.

Sabatina

O presidente da CAE tem comentado que ele mesmo não irá marcar a sabatina. E acha que o governo deveria ter conversado e combinado os termos e a dinâmica de tudo com ele. Mesmo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estaria insatisfeito.

Pacheco

Se Vanderlan queixa-se de não ter havido conversas mais detalhadas com ele, que conduz a sabatina, do mesmo queixa-se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O anúncio de Galípolo, feito pelo ministro da Fazenda, Fernand Haddad, aconteceu sem conversa prévia.

Caro

Ou seja, ainda que não haja problemas relacionados a Galípolo, todas essas questões provavelmente farão o Senado cobrar um preço caro para, primeiro, marcar a sabatina e, segundo, aprovar sem maiores problemas o novo presidente do Banco Central.