Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Diferenças de metodologia explicam pesquisas

Diferença de métodos: mais ricos ou mais pobres? | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Respeitado cientista político, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o pernambucano Antônio Lavareda fixa seu foco na diferença de metodologias entre os principais institutos de pesquisa do país para explicar resultados diversos quanto à popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essas diferenças explicam por que os números são piores em determinadas pesquisas e melhores em outras. A principal razão, segundo Lavareda, está nos intervalos de renda utilizados pelos institutos e os percentuais de entrevistados em cada uma dessas faixas. Pesquisas nas quais há percentual maior de pessoas com renda mais baixa apontam números mais positivos para o governo.

 

Gritantes

O problema, segundo Lavareda, é que essas diferenças no espectro de cada instituto são gritantes, muito altas. Enquanto, por exemplo, o Ipespe considera 43% dos entrevistados na faixa abaixo de dois salários mínimos, o Quaest estima esse percentual em 30%.

Sete pontos

Se o Quaest considerasse a faixa abaixo de dois mínimos no mesmo percentual do Ipespe, o saldo positivo entre os que aprovam e os que desaprovam o governo Lula seria de sete pontos percentuais a favor. No percentual menor, esse saldo ficou em três pontos.

No geral, saldo de aprovação de Lula teve pequena melhora

No geral, saldo positivo para Lula | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

De um modo geral, porém, apesar das diferenças de metodologia, Lavareda observa uma melhora no saldo de aprovação do governo Lula. Ele fez o estudo comparando as pesquisas no dia 8 de maio, depois que foi divulgada a pesquisa da Quaest que apontava um saldo positivo de três pontos percentuais. Na direção oposta, o último levantamento do Paraná Pesquisas mostrava saldo negativo de menos 2,2 pontos. No caso do último Ipespe, o saldo positivo foi de seis pontos. E na CNT/MDA foi de sete pontos. Num saldo geral, Lula estaria agora com 50% de aprovação contra 47% de aprovação. O melhor resultado foi em agosto, com 60%.

Febraban

Numa linha parecida, o último Radar Febraban, pesquisa que o Ipespe faz para a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) apontou estabilidade no otimismo do brasileiro. Segundo o Radar, 56% dos entrevistados consideram que a vida vai melhorar. Em fevereiro, eram 53%.

Inflação

De qualquer modo, há, no entanto, uma preocupação grande do brasileiro com a inflação, especialmente com a alta nos preços dos alimentos. E esse é um dos fatores que mais impacta negativamente a popularidade do governo. Para 70%, os preços dos produtos aumentaram.

Para baixo

"Nos primeiros meses do ano, o humor e as expectativas dos brasileiros pouco se alteraram, mas registraram leve sinalização para baixo", observa Lavareda. "Esse resultado reflete o sentimento de que os preços de produtos e serviços continuam impactando no bolso".

Saúde

A maior preocupação atual do brasileiro, segundo o Radar, é com a saúde (32%). Em seguida, vêm emprego e renda, com 28%. A educação, que tem sido prioridade do governo, aparece com 10%. Mesmo percentual de inflação e custo de vida. Segurança tem 7%.