Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Arthur Lira passou um recibo gigante

Incômodo de Lira foi significativo | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou um enorme recibo do tamanho do incômodo que ficou com as análises de que a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco, seria a constatação de perda de força. É um tanto quanto tola a declaração de Lira de que tal interpretação decorreria de um vazamento feito pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Qualquer jornalista medianamente informado que tenha acompanhado o que aconteceu na quarta-feira (10) poderia chegar à mesma conclusão sem a ajuda de Padilha. Se o grupo mais ligado a Lira defendia a soltura de Brazão e perdeu, a interpretação é legítima.

 

Elmar

O principal artífice da tentativa de soltura de Brazão foi Elmar Nascimento (União-BA), nome de Lira para sucedê-lo na presidência da Câmara. E boa parte dos que iam nessa linha fazem parte do grupo de deputados mais próximo a Lira.Tal posição perdeu.

Recibo

Alguns interpretam que o número ainda expressivo dos favoráveis à soltura - 136 deputados - demonstraria a força, diante do tamanho e da repercussão do que representa o assassinato de Marielle. Mas a reação de Lira demonstra que ele ficou incomodado.

Desde o recesso, Lula faz uma aproximação de Pacheco

Enquanto Lira morde, Pacheco assopra | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Na verdade, o primeiro recibão de Lira já tinha sido passado naquele agressivo discurso que ele fez na abertura dos trabalhos legislativos terminado o recesso. Durante a folga dos parlamentares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez gestos de aproximação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no sentido de ali estabelecer uma ponte que diminuísse a dependência que no ano passado ele ficara de Arthur Lira e do comando que o presidente da Câmara tem do Centrão. Quando Lira ali disse "Não subestimem esta Mesa Diretora!", estava deixando claro que sabia dos movimentos de aproximação e se incomodava com eles.

Pacheco

Enquanto, assim, Lira, no tapete verde, apontava o dedo dos seus dissabores para Padilha, Pacheco, no tapete azul do Congresso, elogiava o ministro. Se para Lira, Padilha é "incompetente", Pacheco classificou o ministro de Lula de "competente". Um morde, outro assopra.

Lira

É evidente que o governo não pode cutucar alguém como Lira com vara curta. Após o discurso do início do ano, foi Lira quem deu o braço a torcer e procurou Lula para restabelecer as relações. É preciso ver o que acontecerá agora no curso das votações de interesse do governo.

Câmara

No caso da disputa da Câmara, é cedo para avaliar que Elmar Nascimento tenha ficado enfraquecido com a prisão de Brazão. Certamente, outros movimentos ainda irão acontecer daqui até a eleição da Mesa em fevereiro do ano que vem. Tanto a favor quanto contra Elmar.

Consolida

Porque, por outro lado, sua posição pode consolidá-lo como nome da oposição. Essa é uma avaliação que ele faz, de que a posição o coloca no segundo turno. Mas, aí, já é importante notar que, na eleição de Lira, não houve segundo turno. Elmar já se coloca mais fraco.

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