Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Popularidade de Lula cai. Não é só comunicação

Lula trocou centro de poder pelo "Núcleo de Curitiba" | Foto: Agência Brasil

As três pesquisas divulgadas na semana passada, todas apontando para uma queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo, acenderam um sinal laranja no Palácio do Planalto. Certamente, a queda registrada não é somente implicância dos institutos de pesquisa. Poderia haver um problema de viés do levantamento se fosse somente um instituto. Em três, a hipótese é mais difícil. No governo, os diagnósticos parecem apontar o dedo para a área de comunicação. E, de fato, são identificados ali problemas. Mas seria injusto considerar que tudo se deva somente a uma eventual incapacidade do governo em fazer chegar à sociedade o que está fazendo. Há outros problemas no Lula 3 que não haviam antes.

 

Centro de Poder

E boa parte está relacionada ao que se batizou agora de "Centro de Poder", que é o apelido novo para o que nos governos anteriores era chamado de "Núcleo Duro". A comunicação está inserida. Mas aí está todo a parte do governo que está no entorno mais direto.

Curitiba

Quem acompanha o governo de perto afirma que nesse terceiro governo Lula trocou o que se chama de "Turma de São Bernardo" pelo que se chama de "Turma de Curitiba". Nenhuma delas é exatamente oriunda das duas cidades, mas da situação de Lula em dois períodos.

Em vez de petistas históricos, entorno mais ligado à prisão

Além de primeira-dama, Janja tem grande influência | Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

A "Turma de São Bernardo" seria aquela formada pelos petistas históricos, que acompanham Lula desde o início da história do partido, quando o atual presidente avança a partir do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. São nomes que eram fortes em governos anteriores, como José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Dulci ou outros que faleceram, como Luiz Gushiken. A "Turma de Curitiba" é aquela que mais fortemente deu suporte a Lula quando ele estava na prisão, na sede da Polícia Federal na capital do Paraná. E, nessa turma, há um nome que emerge mais do que os outros, porque Lula se casou com ela: a primeira-dama Janja da Silva.

Reclamações

Mas estão aí o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o secretário-geral, Marcio Macedo, e o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta. Na verdade, se há reclamações quanto à comunicação, o setor social e o político reclama dos demais ministros.

Celso Amorim

Ainda está nesse núcleo o assessor de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim. Alguém considerado com mais capacidade de incisão e influência. Isso faria Lula dar mais atenção a temas internacionais que, na prática, pouco influem internamente.

VDM

O que estaria acontecendo é que, ao contrário, do "Núcleo Duro" anterior, agora não haveria ninguém capaz de alertar Lula que entrar em determinado tema é delicado. Tais decisões estariam sendo somente dele. Falta o famoso "VDM", o "Assessor de Vai dar M…"

Central

As ações, assim, estariam ficando mais centralizadas no próprio Lula do que o recomendável. O governo não tem um porta-voz. Então, o próprio Lula fala e assume os riscos. Tem problemas de articulação política. Então, o próprio Lula reúne-se com os políticos.

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