Por: POR RUDOLFO LAGO

Correio Político | A sintonia fina de Ricardo Nunes em São Paulo

MDB sabe que Nunes precisa do apoio de Bolsonaro | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A cerimônia de posse de Aldo Rebelo como secretário de Relações Internacionais de São Paulo acabou sendo um grande ato de força em favor da candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição. Teve a presença de líderes importantes do MDB, como o próprio presidente do partido, deputado Baleia Rossi (SP), e governadores como Helder Barbalho, do Pará, e Paulo Dantas, de Alagoas. Acabou se tornando um importante ato de afirmação de apoio do MDB à candidatura, especialmente pela presença de emedebistas que são aliados do governo Lula. E acabou coincidindo com nova rodada da Paraná Pesquisas que mostra Nunes colando em Guilherme Boulos (Psol) na corrida pela prefeitura. Agora, os dois aparecem empatados: Boulos com 33%, e Nunes com 32%.

 

Perspectiva

Realista, o comando do MDB traça como perspectiva uma vitória de Boulos no primeiro turno. Mas, então, uma chance maior de Ricardo Nunes de vencer na virada para o segundo turno. Desde que, porém, ele saiba manter-se em campo mais neutro, longe dos extremos.

Desafio

E aí está o desafio da sintonia fina. Na avaliação dos caciques do MDB, Ricardo Nunes tem que evitar a todo custo a polarização, para onde Boulos precisa empurrá-lo. O desafio de Nunes é ter os votos dos bolsonaristas, mas sem ficar colado demais em Bolsonaro.

Nunes precisa ser o candidato de Bolsonaro, e não ser

Desafio é ter Bolsonaro sem se colar demais a ele | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Inicialmente, os caciques do MDB vinham aconselhando Nunes a não ir à manifestação convocada por Bolsonaro para o domingo (25). Ao final, acabaram avaliando que é melhor que ele vá. Porque o grande problema seria Bolsonaro ao final descolar-se do apoio a Nunes e o PL lançar o deputado Ricardo Salles (SP) ou algum outro nome. Isso dividiria os votos à direita, favorecendo Boulos. A avaliação do cenário da pesquisa com e sem o deputado Kim Kataguiri (União-SP) ajuda a mostrar como a divisão dos votos conservadores favorece Guilherme Boulos. Sem Kataguiri, Ricardo Nunes ultrapassa Boulos. Fica com 34,7% contra 33,4% de intenções de voto no caso para Boulos.

Tabata

Boulos tem um complicador ao centro: a deputada Tabata Amaral (PSB). No cenário com Kim Kataguiri, ela fica com 9,7% e Kim com 5,2%. Com Kim fora da disputa, Tabata vai a 10,5%. E Boulos não cresce nada: no primeiro cenário ele tem 33%; no segundo tem 33,4%.

Caminhos

A dificuldade de Ricardo Nunes, segundo os caciques emedebistas, estará no que Bolsonaro espera para a sua candidatura. Se o ex-presidente quiser apoiar alguém para ter a chance de vencer a eleição, o caminho seria aderir à reeleição do prefeito de São Paulo.

Defesa

Mas se Bolsonaro avaliar que precisa de alguém para defendê-lo na maior cidade do país, esse já não seria o caminho. Para o MDB, se Nunes for nessa direção, pode acabar ficando somente com os votos mais extremados. Há dados que apontam rejeição alta a Bolsonaro.

Rejeição

O MDB tem dados que apontam rejeição de 70% a Bolsonaro em algumas regiões da cidade. Bate com dado de uma pesquisa do Datafolha de setembro do ano passado, que aponta que 68% dos paulistanos não votariam em um candidato identificado com ele.

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