Por: POR RUDOLFO LAGO

Correio Político | Hauly: 'Só Ele explica minha presença aqui hoje'

Haly: fim de trabalho de uma vida | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Ao longo de toda a sua vida política, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) lutou pela simplificação tributária brasileira. Ele já era o autor do projeto que criou o Simples Nacional. Na quarta-feira (20), estava no plenário para ver a reforma tributária, fruto de um projeto que ajudou a criar com as PECs 45 e 110, ser aprovada. Num curso normal, talvez não fosse para Hauly estar ali presente como deputado. Quando as duas PECs foram unidas e começaram a tramitar, o mandato era de Deltan Dallagnol (Novo), que acabou cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Deltan foi o deputado mais votado do Paraná, com 344 mil votos. Hauly teve menos de 12 mil votos. "Só Ele explica minha presença aqui hoje", disse Hauly, católico fervoroso.

 

Destino

Sem dúvida, parece mesmo peça do destino. Em um primeiro momento, entendeu-se que a vaga de Deltan deveria ficar com Itamar Paim (PL). Somente em um segundo entendimento ficou com Hauly. Que ainda teve tempo de votar a reforma nas duas ocasiões.

Assessor

Mesmo antes de retornar à Câmara, Hauly já acompanhava de perto as discussões como assessor junto à Comissão Especial que se criou entre os deputados para iniciar a discussão. "Eu me sinto muito honrado. É o trabalho de uma vida", resume o deputado paranaense.

"Brasil poderia ter hoje o PIB do Canadá", estima deputado

Comemoração da promulgação da reforma | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Para Hauly, se o Brasil tivesse corrigido antes, há mais de 30 anos, quando se iniciou a discussão sobre a necessidade de uma reforma tributária, poderia hoje ter um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente ao do Canadá. "O grande erro do modelo adotado é que ele era totalmente baseado em renúncia fiscal", explica. Estimulava-se que, numa guerra fiscal, estados e municípios concedessem descontos para atrair empresas. "O resultado disso é que a União perde R$ 450 bilhões e os estados R$ 200 bilhões em renúncias fiscais", estima Hauly. Até hoje, a discussão persiste, como se viu no debate da MP das Subvenções.

Burocracia

O deputado tem outros números na ponta da língua. Segundo ele, somente o custo burocrático do complicado enredo tributário brasileiro gira em torno de R$ 100 bilhões a R$ 200 bilhões que as empresas precisam gastar com contadores e advogados tributaristas.

Estupidez

"A estupidez tributária brasileira gerou uma situação tão inusitada que é interessante para boa parte das pessoas e das empresas ficarem na informalidade", critica Hauly. "Destruíram o potencial de concorrência com um modelo que estimula a sonegação".

Escalada

"É um mérito, é uma escalada", classifica ele o final do trabalho com a promulgação da reforma tributária. "Fiz outras coisas importantes na vida. Mas faltava aprovar essa reforma", disse ele, orgulhoso, ao Correio. "Mas ainda há muito trabalho pela frente", alerta Hauly.

Regulamentação

Agora, será preciso regulamentar a reforma. E isso deverá produzir uma boa quantidade de leis complementares. Que irão definir a alíquota básica dos novos impostos sobre consumo e as alíquotas diferenciadas, para as exceções a mais e a menos. Trabalho para 2024.

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