Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Lindbergh: 'Estou dando uma chance ao governo'

Lindbergh e Haddad em campos opostos sobre déficit | Foto: Ricardo Stuckert/PT

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) garante que as duas emendas que ele apresentou, alterando a meta fiscal de déficit zero na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) são uma "iniciativa própria". Uma "marcação de posição de alguém que sempre se posicionou contra o arcabouço fiscal e que acha esse discurso de déficit zero um grande erro político". É o que o deputado disse com exclusividade ao Correio Político. "A meta de déficit zero é inexequível. E o melhor momento é corrigi-la agora na LDO", defende ele. "Com as emendas que eu apresentei, estou dando uma chance ao governo". Lindbergh apresentou duas emendas à LDO na segunda-feira (13), que passam a admitir duas possibilidades de déficit: 0,75% ou 1%.

 

Não é isolado

Ainda que diga ser um ato pessoal, Lindbergh admite que não é um ato isolado. "Claro que conversei com muita gente", diz ele, que é vice-líder do governo e namorado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). Com Haddad, porém, ele não conversou.

Mercado

"Nem o mercado jamais acreditou na possibilidade de déficit zero", diz Lindbergh, que afirma que analistas do mercado já projetavam um déficit de 0,8%. "Gosto muito do Haddad, mas porque ele foi se comprometer com algo que não seria possível de praticar?", critica.

Plano de Haddad era seguir o discurso até março

Danilo poderia alterar meta acatando emenda | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Segundo Lindbergh, o plano de Haddad seria manter a meta em zero agora e alterá-la com o ano de 2024 em curso, enviando um PLN (projeto que é a ferramenta legislativa para questões orçamentárias) em março. Para o deputado, isso sim seria um erro com sinalização pior para o mercado. "Passaria uma mensagem de que o governo não se mostrou capaz de fazer algo com que se comprometia", argumenta. Além disso, a mudança mais tarde por um PLN seria uma nova burocracia, uma nova discussão. "Advogo que alterar agora na LDO é o melhor caminho, até porque é a LDO que dá as diretrizes orçamentárias".

Danilo

No caso, uma das emendas de Lindbergh teria que ser acatada pelo relator da LDO, deputado Danilo Forte (União-CE). Embora Danilo sinalize concordar com uma alteração, Lindbergh, porém, não sabe se ele fará isso. "Acho que ele só muda se o governo concordar".

Precificado

Para Lindbergh, a alteração agora já não provocaria reações mais fortes do mercado. "O desgaste, aconteceu quando o presidente Lula falou sobre isso aos jornalistas", avalia o deputado. "Naquele momento, sinalizou-se a mudança. Então, já está tudo precificado".

Trava

Para Lindbergh, a meta de rigor absoluto pode ser uma trava perigosa para o desenvolvimento do país. Um déficit de 0,5% já sinalizaria um contingencimento de R$ 40 bilhões. "E de onde isso viria a ser cortado? De investimentos, de obras, do PAC", argumenta.

Eleições

Não ter recursos para investimentos em um ano de eleições municipais poderá ser um grande desastre político, prega Lindbergh. "Todos nós sabemos que a base do governo não é sólida. E que vivemos ainda em um país polarizado, com um adversário forte", adverte.

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