Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Previsão: tempo mais nublado no Senado

Alcolumbre procurou oposição e puxou Pacheco | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A reforma tributária vai tramitar nas próximas duas semanas em um ambiente conturbado. A casa que até há algum tempo parecia dar mais tranquilidade ao governo enquanto a Câmara apertava com seu presidente, Arthur Lira (PP-AL), e o Centrão já não anda assim mais tranquila. Pode parecer estranho, já que se trata de algo que só irá acontecer em 2025, mas a razão já é a sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência. Os movimentos vêm azedando a relação do governo com o Senado. Especialmente porque ali o favorito é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União-AP). E Alcolumbre não é exatamente o nome dos sonhos do Palácio do Planalto.

 

Pesquisa

Pesquisa divulgada na quinta-feira (26) pelo site Congresso em Foco, o Painel do Poder, reforça o favoritismo de Alcolumbre. A pesquisa é realizada com parlamentares da Câmara e do Senado. Davi Alcolumbre foi de longe o nome mais citado para presidir o Senado.

Favorito

Alcolumbre foi citado por 41% dos entrevistados. Atrás dele, aparecem Renan Calheiros (MDB-AL) e Rogério Marinho (PL-RN). Assim como Alcolumbre, Renan já presidiu o Senado. Marinho foi o candidato de oposição, derrotado por Rodrigo Pacheco no início do ano.

Alcolumbre aproximou-se da oposição e puxou Pacheco

Pacheco levou o Senado a uma guinada conservadora | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Há algumas semanas, movimentos ocorridos ali alteraram os humores no Senado. Renan Calheiros procurou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para tentar um acordo no qual o MDB apoiaria o líder do partido, Antonio Brito (BA), para presidir a Câmara na sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Em troca, queria o apoio do PSD a um nome do MDB no Senado. A movimentação acabou movendo Alcolumbre a procurar o apoio da oposição. Ele foi, então, à sede do PL conversar com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Esses movimentos coincidem com as posições mais duras de Pacheco.

Conservadores

Primeiro, os movimentos foram em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pacheco foi cobrado por uma posição mais firme de defesa das prerrogativas do Senado, como prometera na sua campanha. E avançou também na defesa de pautas mais conversadoras.

Problemas

Então, começaram problemas que afetam o governo. Como a aprovação do projeto do Marco Temporal das Terras Indígenas. A desoneração da folha de pagamento de setores da economia e municípios. E a rejeição do indicado por Lula para a Defensoria Pública da União (DPU).

Aborto

O rejeitado, Igor Roque, teria feito manifestações que foram interpretadas como de defesa do aborto, um dos temas que gerou a reação conservadora após os últimos julgamentos de Rosa Weber no STF. O caso foi interpretado como sinal da mudança de humor.

Reforma

Se tal ambiente pode ou não comprometer a reforma tributária, os próximos dias dirão. No caso, há outros interesses em jogo. Há um consenso de que a reforma é necessária. Mas o tema é polêmico e divide os estados. E os senadores são os representantes dos estados.

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