Por: Rudolfo Lago

Correio Político | CPI de Renan põe Odebrecht novamente na berlinda

Buracos provocados pelo afundamento do solo | Foto: Marco Antônio/Secom Maceió

Uma semana depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, anular as provas obtidas contra a empreiteira Odebrecht na Lava Jato, a empresa, que agora se chama Novonor, volta à berlinda a partir de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pedida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Renan obteve na quinta-feira (14) as assinaturas para instalar a CPI da Brasken, que torna a empreiteira alvo na investigação de um dos maiores desastres ambientais urbanos do planeta. Ao explorar sal-gema em Maceió, a Brasken produziu um grave afundamento do solo que atingiu oito bairros da capital de Alagoas, afetando a vida de cerca de 200 mil pessoas. A petroquímica Brasken é controlada pela Novonor.

 

Rachaduras

Em 2018, após um período de fortes chuvas, rachaduras começaram a aparecer nas ruas e moradias dos bairros. O Serviço Geológico do Brasil verificou que a causa das rachaduras era a exploração do sal-gema, que estava provocando o afundamento do solo.

R$ 1,7 bilhão

Em julho deste ano, a Brasken fez acordo para ressarcir Maceió em R$ 1,7 bilhão pelos prejuízos. Nesse meio-tempo, porém, surgiram informações de que a empresa seria vendida para a Petrobras, a sócia minoritária. Renan quer a suspensão dessas negociações.

Com 45 assinaturas, ideia é fazer ampla auditoria do caso

Renan obteve 45 assinaturas na CPI | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Antes de qualquer venda, Renan e o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), avaliam que é preciso de fato calcular qual é o prejuízo que a Brasken causou a Maceió e a Alagoas para que isso seja abatido do valor total da venda. Diante do grande prejuízo, é possível que hoje a Brasken, na prática, não valha mais nada. A ideia agora é que a CPI sirva para fazer de forma ampla essa auditoria. O comprometimento dos oito bairros com o abandono de casas, prédios e lojas teria gerado, segundo os cálculos do governo de Alagoas, uma perda de R$ 2,5 bilhões em arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS).

Silêncio do PL

Diante das investigações que hoje atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro, sua mulher, Michelle, e seu candidato a vice nas eleições do ano passado, general Braga Netto, o PL resolveu mudar sua estratégia de comunicação. Opta agora por um quase silêncio de sepultura.

Controle

Respostas agora, só por e-mail. Por um lado, é uma forma de garantir maior controle das respostas, o que ajuda a evitar mal-entendidos em um momento delicado. Por outro, porém, traz uma série de outros prejuízos. Primeiro, revela o incômodo do partido.

Reativo

Segundo, torna o PL somente reativo, sem o domínio de suas narrativas, o que é ruim para as suas pretensões. Ao optar somente a responder demandas por e-mail, o PL para de conversar com jornalistas. E deixa de ter, então, uma linha própria de estratégia.

Mil prefeitos

O PL tem como projeto eleger mil prefeitos no ano que vem. E planeja ter Bolsonaro e Michelle como puxadores de votos. Braga Netto é opção para a prefeitura do Rio. Alvos, os três sofrem desgaste. E o partido de Valdemar agora não sabe como lidar com isso.