Geraldinos, esse negócio de técnicos gaúchos e retranqueiros em clubes do Rio pode estar com seu ciclo no fim. O primeiro já foi: Tite foi demitido do Flamengo. Resta saber se o Fluminense vai seguir o mesmo caminho e dispensar Mano Menezes. Contudo, vamos comentar sobre o primeiro.
Em praticamente seis anos à frente do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim acumula um déficit de R$ 54 milhões em rescisão com treinadores. E foram 10, ao todo, em sua gestão. Desse total, espanta os valores de Vítor Pereira (R$ 15 milhões), Domenec Torrent (R$ 11,4 milhões), Jorge Sampaoli (R$ 9,5 milhões) e Paulo Sousa (R$ 7,7 milhões). Todos estrangeiros. Entre os brasileiros, Tite, o recém-desempregado, lidera a lista, com mais de R$ 3 milhões; depois vem Rogério Ceni (R$ 3 milhões). Renato Gaúcho saiu sem custos, pois seu contrato não previa multa. Abel Braga e Jorge Jesus pediram demissão e Dorival Júnior não teve o contrato renovado e saiu sem custos. Apesar desse alto valor, muito exorbitante para um clube, espanta-me, como ex-jogador e boleiro ávido, como os técnicos saíram calados, sem criticar muito os dirigentes. Talvez os portugueses Vítor Pereira e Paulo Sousa tenham feito isso, em entrevistas para as televisões europeias, mas não me recordo por agora. Mesmo assim, os brasileiros saíram sem dar muita satisfação, como se assinassem o contrato da lei da mordaça e ficassem calados até um certo período, para depois criticar, mas de forma leve, sem dar muitos ruídos. Isso me deixa muito intrigado, pois um clube com grande rotatividade de treinadores não foi sequer pressionado pela torcida para manter algum durante uma temporada. Talvez só Jorge Jesus fez isso. E com esse valor altíssimo de rescisão, ver o torcedor ignorar o fato é muito ruim para a imagem do futebol, pois parece que a torcida está nem aí e só quer saber de título.
Em relação ao segundo, parece, como ex-jogador, que os próprios atletas já estão cansados do Mano. O Fluminense entra em campo apático, sem vontade de jogar. As duas últimas derrotas, para Atlético-MG e Atlético-GO foram vexatórias. A primeira, na Libertadores, o técnico foi medroso ao por uma equipe para ficar no 0 a 0. Depois, para levar o confronto para os pênaltis. O resultado foi uma eliminação que gerou chacota e várias reclamações dos torcedores pela coverdia de Mano Menezes. A segunda, para o lanterna do Brasileiro, foi um time que pouco criou e jogou a culpa na arbitragem pelo lance se a bola saiu ou não no gol do Dragão. Precisa culpar o treinador, que é quem escala, arruma os jogadores taticamente e faz as substituições que considera necessárias para mudar o estilo do time atuar em campo. Torço para o Fluminense não cair, mas terá que fazer milagre igual ao de 2009 para que isso não aconteça. E se a diretoria for esperta, melhor seguir o exemplo do rival e demitir logo esse técnico retranqueiro e por Marcão para atuar nesses 10 jogos finais e decisivos para o futuro do Tricolor das Laranjeiras na elite do futebol brasileiro.
Falando em futebol brasileiro, a CBF prova, mais uma vez, que é a Casa da Mãe Joana. O que ela está fazendo na Copa do Brasil é algo surreal! Mudar as datas das semifinais para favorecer o Flamengo, que tem vários jogadores convocados por seleções sul-americanas, para ter o elenco completo para o segundo jogo da semifinal contra o Corinthians, é mais um exemplo de como a CBF está sem comando. O caso do Atlético-MG também não concordo, mas sua justificativa é mais plausível, pela questão de calendário. Mesmo assim, um não pode ser favorecido pelo outro e os dois deveriam atuar no meio da semana e não no fim de semana. Mais um ponto negativo para a CBF e a questão, infelizmente, deve parar no STJD, que ficará entre a cruz e a espada, para decidir se está do lado dos clubes ou da confederação.
Antes das pérolas, nossa Seleção precisa abrir o olho nesta rodada das Eliminatórias. Não é porque vamos encarar Chile e Peru, os últimos colocados da tabela, que vamos conseguir seis pontos. A primeira seleção vem com um elenco experiente, com Vidal, Sanches e Pulgar, que sabem marcar e atacar muito bem. Não vai achando que será fácil vencer os chilenos lá em Santiago, pois, com uma vitória, eles encostam na gente na tabela. Já contra o Peru, que será aqui, no Mané Garrincha, perder será um vexame grande. Ou seja, uma rodada para Dorival se recuperar, mas com Danilo, Marquinhos, Eder Militão, Alisson, Ederson e outros jogadores, fica difícil isso.
Pérolas da semana
1 - " DNA (chama o Detran) vertical, dando tapa (passe) na cara (gomos) da bola, negociando as jogados com os seu companheiros (não entendi lhufas)"
2 - "Redonda queimando os pés dos atacantes (chama o bombeiro para apagar o fogo), amassando e agredindo o adversário, com um time vertical"
3 - "Linhas próximas para criar mecanismo, atacar a área, gerar volume e bater na porta do primeiro pelotão"
4 - "Virar a página e destrutir o jogo de dentro para fora (alguém me explica isso!)
5 - "Seguindo abrindo o campo, virando a chave (onde está o carro?), com linhas bem espassadas (distribuídas) em campo"
6 - "Time segue encorpado (traga um prato de comida), com intensidade e consistente, fazendo a leitura (visão) correta para parar o jogo"
7 - "Time compactado, propondo um jogo mais reativo, com um jogador mais agudo" (dormem com mais esta, Geraldinos...)
8 - "Ultrapassagem passando por dentro, com passe teleguiado" (sem comentários...)
9 - "Losango no meio, fazendo o atacante fugir pelos corredores, no 2-3-5 ou no 5-3-2" (alguém entendeu?)
10 -"O Internacional está com o DNA do Roger Machado" (ele é o pai do Internacional?)
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).