Geraldinos, antes de começar a falar efetivamente de futebol, como brasileiro, tenho que dizer minha opinião sobre o gesto obsceno de Abel Ferreira. O que o treinador do Palmeiras fez foi algo desumano, nojento e asqueroso. Tudo isso por que, irritação com o árbitro? Depois, pediu desculpas e que fez o gesto sem pensar e foi no "calor da emoção do jogo". Suas atitudes em campo se refletem nos seus atletas, assim como venho debatendo com as atitudes de Fernando Diniz. E isso afeta o temperamento dos jogadores, principalmente dos mais jovens. O treinador comanda o time dentro e fora dos gramados e seus na área técnica podem ser usados contra ou a favor para com o temperamento dos jogadores em campo. Assim, um gesto como o do Abel Ferreira vai além das relações em campo e atinge as relações sociais e familiares.
Agora, pior do que o gesto foram os comentários dos analistas de computadores da ESPN, achando graça e até mesmo debochando do ato. E ao vivo! Como brasileiro, fiquei mais decepcionado com esses comentarias de araque achando algo normal ou mesmo sem o menor pudor.
Já em campo, Flamengo e Palmeiras fizeram uma partida com, novamente, reclamações para com a arbitragem e um jogo onde um time mais se defendeu do que atacou e o outro não soube aproveitar as oportunidades para liquidar a partida.
E o Fluminense de Mano Meneses...Já tem torcedor dizendo que o clube trocou um técnico maluco por outro medroso. O Juventude de Jair Ventura jogou muito bem, explorando os pontos fracos do Tricolor das Laranjeiras para obter o resultado em pleno Maracanã lotado, que recebeu um público de mais de 40 mil pessoas. Eu não reclamo dos gaúchos, como já ouvi de colegas. Eu reclamo é desse futebol retranqueiro de Tite e Meno Meneses, principalmente depois da frase dele na coletiva, de que o Fluminense caiu porque tomou cinco gols em dois jogos. Realmente, Zezé Moreira faz escola: "1 a 0 é goleada".
Antes das pérolas, o meu Botafogo, que conseguiu perder a vaga em casa, mostrando como o treinador precisa controlar o time dentro e fora dos gramados. Por um jovem naquela situação de jogo foi algo meio temerário e provou o quanto os clubes brasileiros necessitam melhorar o departamento pessoal, assim como a área psicológica, para que os atletas tenham uma saúde mental melhor dentro e fora de campo.
Pérolas da semana
1 - "Pressionar o time, alinhar e embrulhar o jogadores, na vertical ou na horizontal, fazendo uma linha com o corredor por dentro, com 4 ou 3 zagueiros"
2 - "Goleiro deu um chutão para frente, pegando o ataque sem condições"
3 - "Atacando a primeira linha, tentando incendiar a partida (chame o bombeiro para apagar o incêndio), focado e consistente, na primeira prateleira, com falso 9 agudo e espaçado, gerando volume de jogo sem repertório (vou chamar alguns compositores)".
4 - "Chapou a bola na buchecha da rede (ela tem ângulos), dando pontapé na redonda, em vez do toque nela".
5 - "Consertar os corredores do campo (talvez dos prédios), trabalhar por dentro, com duas linhas de 4, valendo a pena perder os pontos para o adversário".
6 - "Jogar truncado e pegado, negociando o empate com o adversário, com intensidade, liberando espaços no último terço do campo, queimando a bola" (quanta asneira!).
7 - "Jogada aguda, dando na cara (gomos) da bola, com três zagueiros sem encaixe, sendo um na vertical e outro na diagonal" (vou chamar um professor de matemática para dar aula).
8 - "Elaborar a leitura para sacar a jogada (jogador vê o jogo), time compactado, dando tapa na bola, com o time verticalizado, negociando a jogada com os companheiros, batendo a porta no primeiro pelotão (chame o exército), amassando o rival, deixando-o desconfortável, com volante robusto, gerando volume por dentro".
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).