Por: Paulo Cézar Caju*

Em terra de cego, quem tem olho é rei

Arena do Grêmio e estádio Beira-rio (Internacional) totalmente alagados, em Porto Alegre | Foto: Diego Baldi/Divulgação e @sulnalente/Divulgação

Geraldinos, antes de falarmos propriamente do futebol, eu, como ex-jogador e ex-atleta do Grêmio, não posso deixar de falar dessa tragédia no Rio Grande Sul. Tenho vários amigos gaúchos e muitos estão sem casas e perderam muita coisa que construíram ao longo da vida. Mais do que o lado esportivo em questão, deve-se olhar o lado humano e CBF e Conmebol deveriam paralisar todos os campeonatos em respeito ao estado e aos clubes, que ficarão dias sem treinar e com o psicológico abalado, pois muitos atletas devem ter perdido amigos e parentes nesta catástrofe climática. Fora isso, estamos próximos ao inverno, e no Sul, como já sabemos, faz muito frio. Imagina esse povo sem água, luz e comida em temperaturas próximas ou abaixo de zero? Os dirigentes precisam olhar mais para o espetáculo além do campo e perceber o quanto isso é ruim para a imagem das confederações. Se fossem parentes deles, iriam continuar os torneios? Muitos clubes gaúchos estão pedindo essa paralisação geral e alguns do Brasil também estão aderindo à causa, porque o fator psicológico é muito grande e abala qualquer um que entra no gramado. Mesmo sendo a sua profissão, ele está jogando, enquanto outro sofre com a perda de amigos e familiares.

Indo para o futebol agora, nosso professor Pardal Tite está demais. Primeiro, a desculpa foi a altitude. Depois, o gramado. E agora a questão mental dos jogadores. Ora, quando ele vai perceber que o problema está nele? Além de Tite, essa escola portuguesa no Brasil está deixando os torcedores com muitos cabelos brancos. A nova foi por um zagueiro de centroavante. Esse Arthur Jorge pode até render um bom trabalho no Botafogo, mas faz o feijão com arroz que é melhor do que inventar e tirar atleta de posição!

E, claro, nossos questionáveis John Kennedy e Gabigol. Enquanto os presidentes dos clubes e os treinadores ficarem passando a mão na cabeça, eles não vão aprender. Por mais que Gabigol já seja um jogador com mais experiência, ele ainda não aprendeu a ser um atleta melhor no extra campo. Já John Kennedy deveria ter mais assistência psicológica do Fluminense ou venha a ser internado numa clínica de reabilitação, pois tem talento, mas não vai chegar longe assim.

Antes das pérolas, não posso deixar de mencionar a Liga dos Campeões da Europa. Borussia Dortmund eliminar o PSG e se classificar para a final é uma grande zebra, ainda mais porque a equipe francesa não contou com o brilho de Mbappé, que tinha a grande chance de mostrar seu talento e liderança no time, já pediu a saída de Messi e Neymar para renovar e ser a grande estrela do elenco. E o Real Madrid que mesmo com um time retranqueiro conseguiu vencer o Bayern de Munique e ir para mais uma decisão. Aliás, a vitória do Real só reflete o quanto os clubes estão falando mais alto do que as seleções. Se a equipe de Madrid vencer pela sexta vez a Champions, ficará no auge do futebol europeu. E a Espanha, o que ganha? Nada, pois não tem mais jogadores de qualidade sendo protagonistas de Real e Barcelona. Hoje, são os brasileiros Vini Jr e Rodrygo que comandam o time madrilenho, por exemplo. Por mais que essa abertura para que mais atletas de outros países possam atuar nos clubes europeus, com o intuito de melhorar o futebol local, isso também tira o destaque dos jogadores da base e faz com que os times venham a ser mais os protagonistas do que a própria Seleção. Um exemplo aqui no Brasil é o Palmeiras. Quantos brasileiros do elenco Alviverde poderiam vestir a Amarelinha? Quantos estrangeiros vestem as camisas de suas seleções sul-americanas? Reitero: enquanto ficarmos contratando jogadores medianos de Argentina, Colômbia, Equador, Peru etc, nosso futebol também ficará mediano e com os atletas talentosos indo para a Europa mais cedo ainda.

Pérolas da Semana

1 - "Fatiada na bola (traz o facão), meia centrais por dentro, espetada na intensidade baixa ou alta, fazendo o corredor pelos lados".

2 - "Chapou a cara da bola (bola tem gomos!), empurrando o adversário para trás, para lutar pelo segunda bola (só tem uma em campo!), subindo o sarrafo".

3 - "Encaixou, encaixar e potencializar por dentro, com dois caras pelo lado, virando a bola pela vertical e horizontal na sustentação, para quebrar várias linhas"

4 - "A bola não está sendo azeitada (chama o maître do restaurante) para quebrar as linhas e mudar de direção"

5 - "Atacar as costas dos zagueiros (como?), ficando confortável e com conforto no campo (pegue o sofá e a pipoca para ver o jogo), com as possibilidades vindo pelas linhas mais convencionais, com o botão de pânico sendo acionado cedo demais".

6 - "Observadores externos decididos nesta rota criam espaço não coberto (futebol não tem metaverso), com um time encorpado, saindo da referência e tendo a leitura (visão!) do passe".

7 - "Tem ficado mais cômodo fora da curva, com referência e identidade da cara do treinador, encorpado e azeitar, melhorando a identidade, encaixando um cara mais espetado no ataque, mais agudo, que briga com a bola aérea, fazendo uma dinâmica melhor do jogo, amassando o adversário".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).