Por: Paulo Cézar Caju

Seleção brasileira com jogadores 'mimados'

Dorival Junior ao dirigir a Seleção Brasileira no jogo contra a Espanha no Santiago Bernabéu em 26/03/2024. | Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Geraldinos, antes de falarmos efetivamente sobre os amistosos do Brasil contra Inglaterra e Espanha, não posso deixar de mencionar um encontro que tive com o presidente francês, Emmanuel Macron. Como muitos sabem, joguei durante um bom tempo da minha carreira na França, no Olympique de Marseille, onde era raro ter estrangeiros e, principalmente, negros nas equipes. E o fato do Macron ser também torcedor do Olympique foi importante para conversamos bastante sobre futebol e outros assuntos. O jantar, por sinal, teve a presença de Raí, que também jogou na França, mas no PSG, fato que provocou uma brincadeira, pois o Olympique já foi campeão da UEFA e o PSG ainda não. Uma noite memorável!

Agora, vamos efetivamente falar dos amistosos. Realmente estamos mal de jogadores. A cada ciclo, parece que estamos formando não atletas, e sim, jogadores "mimados" e despreparados, com todo o respeito, para vestirem a Amarelinha. Fora isso, Dorival Júnior também segue a linha da famosa "falta tática" que, na minha visão, é mais um antijogo. O Brasil contra a Espanha deve muito ao goleiro espanhol, que deu a bola para Rodrygo marcar o gol e evitar um vexame maior para a Seleção no primeiro tempo, muito em função da escalação, com praticamente três volantes em campo. Porém, o que a imprensa mais fala é de como o Brasil buscou a vitória e não das deficiências que esta seleção tem.

Além disso, outro assunto que está me deixando bastante irritado é essa exposição de Vini Jr. Precisamos ter respeito e consideração pelo próximo, independente da raça, sim, temos, mas o que muitas emissoras estão fazendo passa dos limites. Um jogador pode se sentir abalado, chorar, ficar nervoso emocionalmente, mas utilizar isso para obter audiência e ibope é algo que, até eu, como negro, fico triste, irritado e até envergonhado. Devemos sim, lutar por mais direitos na sociedade, mas não, praticamente, nos rebaixar ao que as emissoras querem, para ter visibilidade. Isso fica ruim até mesmo para a imagem do próprio Vinícius Júnior, que tem um talento enorme, é centrado, mas não pode se deixar levar por empresários.

Por fim, antes das pérolas, elogiar o brilhante trabalho do Nova Iguaçu, que chegou, com méritos, para a final do Carioca e pode dificultar bastante o favoritismo do Flamengo na conquista do título. Uma prova de que, mesmo com pouco investimento, mas com seriedade e objetividade, projetos podem seguir adiante.

Pérolas da Semana

1 - "Faltou achar o DNA (alô Detran, cria um departamento só para o futebol) e buscar encaixar um time reativo, propondo o jogo. O time precisa gostar da bola e não dar a bola ao adversário, dando a cara ao seu modelo de jogo, buscando as verticais ou fazendo o posicional".

2 - "Não tem que descarrilhar o trem do time e sim deixá-lo dentro dos trilhos". (treinadores agora viraram maquinistas)

3 - "Com o atacante na última linha, contundente e consistente, dando tapa na bola, fazendo ela ir na buchecha da rede".

4 - "Jogadores de peso (vou chamar um halterofilista) nas contratações, para potencializar as linhas de 4 e 5".

5 - "Corredor e ler (vêr) os padrões, aplicando os conceitos na vertical e na posicional".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).

 

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