Por: Paulo Cézar Caju*

CBF precisa olhar mais para a base

Sede da CBF. | Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Geraldinos, passado o período do carnaval, não posso deixar de falar sobre a campanha da Seleção no Pré-Olímpico. Por mais que o Branco venha a ser o coordenador técnico das divisões de base, falta um comando fixo na CBF, para botar ordem na casa. Não adianta essa mudança repentina, seja por questões jurídicas ou por decisões da justiça. A CBF necessita de um presidente de fato e de direito, para dar sequência ao trabalho. Além disso, o que a mídia faz com o Ednaldo Rodrigues parece mais um preconceito ao baiano, por ser uma mistura de índio com negro. Ficam massacrando o então presidente, algo que pouco fizeram com os antecessores. Deixa o cara trabalhar e tocar o barco em paz!

Além da falta de comando fixo na CBF, a Seleção perdeu um pouco sua identidade. Ramon Menezes teve que fazer oito trocas na convocação, pois os clubes europeus não liberaram os atletas, já que a competição não é considerada "Data FIFA". Isso só mostra o quanto o futebol brasileiro está cada vez mais perdendo seus talentos cedo e a base perdendo característica, algo que, por exemplo, não acontece na Jordânia. Mesmo perdendo a Copa da Ásia para o Catar, que foi bicampeão do torneio, o país, que fica perto de Israel e da Palestina e sofre as consequências da guerra entre o território judeu e o Hamas, teve a maioria ou o time todo composto por atletas locais, criando um estilo de jogo próprio. Por mais que seja interessante ter atletas em outros continentes, faltou um pouco do jeito brasileiro de jogar neste Pré-Olímpico.

Outro fator que destaco — e daí cito a Copa Africana de Nações — é a quantidade de jogadores da África Negra e do Norte na Europa, fazendo uma mistura de estilos de jogos entre as ligas europeias e africanas, enriquecendo tecnicamente os times dos dois continentes. O título da Costa do Marfim, vencendo a Nigéria — dois países da África Negra na final, alias, os quatro semifinalistas foram da África Negra — prova que o futebol africano vai além da África do Norte. Hoje, as principais equipes dos grandes torneios da Europa têm atletas de ponta dos países africanos, fazendo com que, junto com as estrelas da América do Sul, o futebol europeu ganha muito tecnicamente, colocando-se como o principal do mundo atualmente. E o Brasil fica pegando atletas medianos dos vizinhos sul-americanos, não conseguindo acompanhar mais esse ritmo.

Voltando para o Campeonato Carioca, o que foi a arbitragem de Fluminense e Vasco? O VAR no futebol brasileiro não existe! Impedimento nem deveria existir! Além disso, as taxas cobradas pela Federação de Futebol do Rio estão, cada vez mais, fazendo os clubes grandes mandarem seus jogos para outros estados, principalmente do Norte e Nordeste, onde têm torcida, para conseguir lucro. De acordo com uma matéria do Globo, o Flamengo levou um milhão de reais para atuar fora do Rio e o Vasco, 750 mil reais. A mídia não fala desse assunto, pois deve acobertar o presidente da Federação, Rubens Lopes, e os sócios e torcedores de times de menor expressão pagam o preço, por não verem sua equipe enfrentando Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense em Moça Bonita, Conselheiro Galvão e outros estádios do Rio.

E agora, vamos ler as babozeiras dos analistas de computadores, digo, comentaristas de futebol, que devem ter ido para a folia e aprimoraram o linguajar.

Pérolas da semana

1 - "Encaixar a ideia e potencializar a leitura do jogo, dando um tempo para o futebol, para termos uma visão do que está rolando no gramado". (tem algo diferente de um jogo de futebol que não sabemos?)

2- Transição defensiva, correndo para trás, depois de furar o bloqueio do time adversário, com as espaçadas linhas de 5 e de 4, com a compactação vertical, para quebrar as linhas da primeira ou segunda bola". (esse daí pulou carnaval mesmo, e na Bahia, ouvindo Cláudia Leitte, pois quem anda para trás é caranguejo; além disso, só existe uma bola em campo!).

3 - "Assistência (passe), tapa na cara (a bola não tem face, tem gomos) na dita cuja, em três dedos, centralizada, diminuindo o espaço corporal, arrastando a última linha para trás, fechando a porta (agora futebol tem casa?) para o adversário, com nove pitbulls (jogadore virou cachorro?) na linha de trás".

4 - "Conseguir encontrar sua identificação no contexto, com o jogador de lado encaixado, para quebrar a bola (que virou pedra) no jogo travado".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).

 

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