Por: Paulo Cézar Caju*

Zagallo, Beckenbauer e a geração de 1970

Zagallo e Beckenbauer | Foto: Wilson Dias/ABr e Sven Mandel/Wikimedia Commons

Em um curto espaço de tempo me despedi de grandes nomes e ídolos do futebol. O primeiro deles, o meu irmão Fred, que tinha uma sensibilidade enorme comigo. Jogou na Olimpíada de 1972 e fez parte de uma geração de ouro do futebol brasileiro. O segundo, Pelé. Natural de Três Corações, ele ia, as vezes, na casa da minha mãe, Esmeralda Lima. Bons tempos…

Pelé chamava atenção não pelo talento em campo, mas também fora dele. Se eu me considero um Cassius Clay, Pelé era estilo Mandela ou Luther King. Diplomático, justo e falava as coisas em busca de justiça. Eu também procurava ser justo, só que de uma forma mais intempestiva. Já Pelé ia na serenidade e no discurso.

E o terceiro, Mário Jorge Lobo Zagallo. O que falar daquele que me treinou na Seleção e em diversos clubes do Rio? Após passar por uma fase complicada na vida, na qual tive ajuda de Cláudio Adão, Paula, Felipe e Camila, na minha recuperação das drogas e álcool, o Velho Lobo, junto com Parreira, Rivelino, me ajudou na reconstrução, principalmente financeira, pois tive que vender alguns bens, para superar dívidas.

Zagallo nunca me repreendeu, mas sabia a dosagem certa nas palavras para me dar broncas. Conseguiu, unindo um time de craques e de temperamento complicado, formar um grupo forte e vitorioso em 1970. Uma pena nosso quarto lugar em 1974. Até hoje lembro da minha bola contra a Holanda, que poderia nos levar à final. Poderia…

Por fim, Franz Beckenbauer, a quem tive a honra de jogar contra em amistosos contra com a camisa da Seleção e de clubes, e também junto. Na minha estreia no Fluminense, em 1975, joguei contra o Bayern de Munique de Beckenbauer. Vencemos de 1 a 0, num Maracanã com 60 mil torcedores vibrando. Afinal, havíamos ganhado do time base da Alemanha campeã do mundo de 1974. Depois, quando a Alemanha sediou a Copa, em 2006, Beckenbauer organizou nas excursões com os jogadores brasileiros campeões mundiais.

Aliás, bons tempos que a CBF não faz questão de agradecer e lembrar. Nem na despedida de Zagallo resolveu fazer uma menção ou homenagem ao time de 1970. O Esquadrão de Ouro, que encantou o mundo, até hoje é esquecido em muitas situações pela Confederação. Nem mesmo chamou os remanescentes da equipe de 1958 para dar um "adeus" ao seu grande craque. Uma decepção, para não falar algo pior…

E por falar em decepção, o nível da Copinha está duro. Duro de assistir. Não se monta mais times de qualidade na base. Por isso, muitos não são aproveitados nas equipes e os craques vão cada vez mais cedo para a Europa!

Pérolas da Semana

Geraldinos, vamos às análises dos computadores?

1- "Leitura para tentar dar o combate, jogar pelo lado do campo, sem referência; encher a ala por dentro, com um monte de gente (que linguajar é esse ou tática de futebol medíocre), permitindo que o adversário ficasse mais com a bola".

2- "Toques na cara ou orelha da bola, indo ao encaixe e trenzinho do último vagão, processando a segunda bola (só existe uma bola em jogo!) no rebote, para amassar a primeira linha de 4, a segunda de 3 e a terceira de 3".

3 - "Jogador de futebol chamou o pênalti com amplitude por dentro, fatiando a bola, que corre do outro jogador, gerando desconforto ao zagueiros (e aos Geraldinos também, que não entenderam nada)".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).

 

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