A temporada vai chegando ao fim e, para variar, vem à tona o velho debate do calendário do futebol brasileiro. É sempre a mesma história: "O calendário é desumano"; "Ninguém consegue jogar quarta e domingo"; "Jogadores não são máquinas". Sabe o que mais me impressiona nesse blablablá? A grande maioria dos analistas de computadores que opinam nessas mesas redondas nunca chutaram uma bola nem em pelada.
Como ex-jogador, acho uma tremenda balela colocar a culpa no calendário para justificar o baixíssimo nível técnico ou o fato dos jogadores serem poupados de forma constante. Na minha época, nas poucas vezes em que estive no barco de reservas, lembro como era ruim não ajudar meus companheiros dentro de campo e fazia de tudo para não sair. Não tinha essa de querer ser poupado, até porque a concorrência era grande e, se desse espaço, corria o risco de esquentar o banco por mais tempo. Também não lembro de escolhermos o campeonato no qual nos dedicaríamos. Buscávamos todas as taças e ponto final! São 22 jogadores em um espaço de 105m de comprimento por 65m de largura e ninguém vai me convencer de que é insustentável e desumano.
Quem fica cansado é triatleta, que precisa correr, nadar e pedalar mais de 100km, o piloto de Fórmula 1, que fica não sei quantas horas vidrado no volante ou o tenista, que joga sozinho por diversas horas e em dias seguidos. Vale destacar ainda toda a tecnologia que os clubes utilizam para recuperar o cansaço dos jogadores após as partidas, algo que não existia na nossa época.
Dito isso, não me venham com essa história para boi dormir, que não vou engolir! Outra balela que ouvi de um apresentador foi em relação ao meu Rio de Janeiro. Não tem como negar que a cidade está largada, com episódios de violência espalhados por aí, como ele mesmo citou. Mas ele é de São Paulo! Kkkkk!
Pérolas da Semana:
1-"Para aumentar a gordura, o treinador ordenou que a segunda bola (futebol só tem uma bola) fosse zerada através de uma ligação direta em direção ao último terço do campo. Assim, fecha-se a porta da armação central e complementa a assistência com argumentos transados"
2-"A pressão aguda proposta pelo adversário fez com que o ala central levantasse na diagonal ou vertical para suportar a pressão e pegasse o elevador do meio para fora com o intuito de espetar o adversário".
3- "A transição com tiroteio estimula o passe vertical com intensidade por dentro, que promove a consistência das divididas com pé de ferro na linha mais baixa".
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).
