Coluna Magnavita | Operação Carbono Oculto chega a Volta Redonda com distribuidora pendurada em liminar

Por Cláudio Magnavita

Economy conseguiu licença de instalação por meio de uma liminar

O Sul Fluminense, mas, especialmente, Volta Redonda, não está longe das investigações que envolvem a Copape e os seus sócios Beto Louco (Roberto Augusto Leme da Silva) e Mohamad Hussein Mourad e o PCC, com a Operação Carbono Oculto a que revelou uma complexa teia de fraudes que atingiu diversas esferas da economia e da sociedade, que chegou a absorver distribuidoras, transportadoras e postos.

O foco da lupa é o grupo econômico ligado à distribuidora Economy. Como o Correio da Manhã publicou em 2024, ele iniciou a sua operação em Volta Redonda-RJ, por meio de uma liminar concedida pela 1ª Vara Cível do município.

A LUPA TAMBÉM NO CNJ

O Conselho Nacional de Justiça - CNJ tem investigado a relação deste grupo e surpreendentes decisões judiciais que lhe trouxeram vantagens, como o caso da Economy. Apesar do caso de VR ser uma operação aparentemente pequena, pode revelar detalhes que interessam a investigação, sobre o relacionamento com o judiciário.

OPERAÇÃO EM VOLTA REDONDA CONTINUA POR CONTA DE LIMINAR

O Correio da Manhã e o Correio Sul Fluminense publicaram no dia 18 de julho de 2024: "Graças a uma liminar do juiz Flávio Pimentel de Lemos Filho, da 1ª Vara Cível de Volta Redonda, a distribuidora de combustíveis Economy Eireli conseguiu licença estadual para se instalar no município."

LIMINAR AINDA SUSTENTA OPERAÇÃO

O agravo de instrumento da Secretaria Estadual de Fazenda do governo do Estado do Rio de Janeiro foi protocolado e a SEFAZ cumpriu a decisão judicial e concedeu a licença. O julgamento do agravo foi realizado antes da Operação Carbono Oculto e teve como relator o desembargador Carlos Eduardo Moreira da Silva, que manteve a liminar. O processo, agora, chama atenção da imprensa e do meio jurídico pelas polêmicas em que estão envolvidas as partes e por uma delas, o Beto Louco, estar foragido.

AS RELAÇÕES DA ECONOMY COM A COPAPE REVELADAS PELA JUSTIÇA PAULISTA

Segundo nova a ação penal por lavagem de dinheiro proposta pelo Ministério Público de São Paulo em 13 de junho de 2024 contra Mohamad Hussein Mourad e Renato Steinle de Camargo, a Economy Distribuidora de Petróleo foi utilizada pela dupla para financiar a compra da Copape Produtos de Petróleo. A Copape e seus sócios oficiais e ocultos têm sido alvos de diversas investigações do MPSP, da Receita Federal e da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que, recentemente, suspendeu a autorização de funcionamento da Aster Petróleo, outra distribuidora do grupo de Mohamad e Camargo.

CHEGADA DA ECONOMY FOI ATÉ FESTEJADA POR ADVOGADA

O anúncio do funcionamento da distribuidora Economy em Volta Redonda-RJ foi feito, em 28 de junho de 2024, à imprensa da cidade de forma seletiva e comemorada nas redes sociais da advogada Luciana Macedo, que conseguiu a decisão temporária. A sede da empresa fica na Rodovia do Contorno e já começou a operar enquanto vigora a liminar. Com CNPJ 33.823.764/0001-36, o sócio-administrador é Paulo Leoni Colaco, morador de Curitiba-PR, onde tem mais duas empresas de transporte de cargas perigosas. Detalhe: a companhia aparece na relação de pessoa jurídica citada em um Processo Investigatório Criminal.

JUSTIÇA MOSTROU RELAÇÃO DA ECONOMY COM A COPAPE - Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), a Economy teria destinado R$ 1,5 milhão para a Copape, uma formuladora de combustíveis de Guarulhos-SP, suspeita de sonegação fiscal bilionária. A ligação entre a Economy e a Copape é tida como suspeita e virou alvo de investigação judicial, assim como um grande grupo de empresas do setor de combustíveis do Estado de São Paulo. Desde 2023, o setor de combustível está na mira do MPSP, que deflagrou a Operação Cassiopeia, em maio deste ano, juntamente com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, com o apoio da Polícia Civil. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em Barueri e na capital paulista.

Agora, com a Operação Carbono Oculto, o assunto retorna à tona e coloca Volta Redonda na rota deste esquema milionário. Beto Louco está foragido e tenta negociar delação premiada. Apesar dos alertas do Correio Sul Fluminense, os personagens locais comemoraram e tentaram tapar o sol com a peneira. Pendurada em liminar, o processo da Economy de Volta Redonda não teve o seu mérito julgado até hoje.