PINGA-FOGO

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MARCOS PEREIRA, PRESIDENTE NACIONAL DO REPUBLICANOS, RECEBE GAROTINHO E MEXE NA SUCESSÃO DO RIO - O ex-governador Anthony Garotinho desembarcou em Brasília nesta terça, 25, em companhia da filha, ex-deputada federal Clarissa Garotinho e do ex-prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Eles seguiram do aeroporto direto para uma reunião com o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira.

Questionado pela coluna se a conversa era sobre a sua candidatura pela legenda, Garotinho sorriu: "vou ser candidato em 2026. Uma coisa é certa: vou fazer oposição a Eduardo Paes".

GAROTINHO: ACOLHIDA PATERNA BEM LONGE DA POLÍTICA - Sobre o restabelecimento da sua relação com o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, o ex-governador e pai do rapaz foi conciso: "Como pai, a minha casa está aberta para acolher meu filho, mais na política estamos bem distantes".

Clarissa Garotinho, que estava junto na conversa, ao ouvir a citação do nome do irmão, fez questão de se afastar.

O PEIXE CONTINUA NA LAPELA DE EVERALDO - Quem dividiu o voo da Latam para Brasília foi o pastor Everaldo Pereira, líder do Podemos, depois da incorporação do PSC pela legenda.

Na lapela de Everaldo, o famoso símbolo do Peixe bíblico, que foi adotado pelo Partido, além do Número 20. Ele tem ficado na aérea Rio - Brasília cuidando dos acordos de 2026 da legenda.

ESFORÇO CONCENTRADO DE CLÁUDIO CASTRO PELO PROPAG - O governador Cláudio Castro passa a semana em Brasília e acompanha já na próxima quinta, 27, a votação da derrubada dos vetos de Lula ao Propag. Com o clima acirrado do Planalto com o parlamento, ninguém duvida que os governadores sairão vencedores.

LIMA E LIBERTADORES MARCARAM O INÍCIO DO FIM DE WITZEL - Foi em Lima, no Peru, quando o Flamengo disputou a final das Libertadores de 2019, que o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se ajoelhou para cumprimentar Gabigol durante a comemoração após a conquista da Libertadores. Ao ver a intenção do político, Gabigol ignorou o gesto, saiu andando e Witzel foi alvo de polêmica e críticas. O político se desculpou depois, dizendo que estava sendo um "torcedor apaixonado". As raposas políticas atestam que foi neste gesto de pseudo-humildade que o mito do governador -Juiz começou a ruir. O Flamengo disputa na mesma cidade a mesma taça, só que não terá mais políticos de joelhos. O caso fez história.

O PREDADOR DO SISTEMA UNIMED - Como a Unimed Seguros, sob o comando de Helton Freitas, ameaça ruir o próprio ecossistema que diz defender.

Em meio à maior crise já enfrentada pelo sistema Unimed no Rio de Janeiro, uma personagem até aqui tratada com excessiva complacência precisa ser colocada no centro do debate: a Unimed Seguros — e, mais especificamente, seu presidente, Helton Freitas, cujo projeto de poder interno transformou a seguradora no principal fator de instabilidade do sistema cooperativista de saúde.

A derrocada da Unimed-Rio, que deixou mais de 800 mil vidas à beira da desassistência, exigiu a mobilização coordenada de instituições públicas e entidades do sistema Unimed. Mas, quando chegou a hora de agir, uma das peças-chave desse arranjo simplesmente não apareceu. E não apareceu porque não quis.

A Unimed Seguros, dirigida por Helton Freitas, tinha — por escrito — a obrigação de assumir a carteira da Unimed-Rio caso sua recuperação fosse impossível. Estava tudo previsto no Termo de Compromisso firmado em 2016 com a ANS, MPRJ, MPF e demais compromissárias. A crise veio. A inviabilidade ficou clara. Mas a Seguros não apresentou a proposta obrigatória. Não assumiu a carteira. Não dividiu o risco. Preferiu o silêncio estratégico — e politicamente conveniente.

Quem assumiu o passivo bilionário de R$ 1,7 bilhão, a urgência assistencial e a pressão operacional foi a Unimed FERJ, jogada ao centro do incêndio para impedir um colapso sistêmico no Rio de Janeiro. Enquanto tentava reorganizar a rede, pagar hemodiálises, cirurgias oncológicas e internações de alta complexidade, a FERJ fazia o que a Seguros deveria ter feito: garantir o atendimento dos beneficiários.

Mas o capítulo mais corrosivo dessa história não foi a omissão, e sim o que veio depois.

Mesmo fugindo da obrigação institucional que assinou, a Unimed Seguros passou a invadir o território da FERJ, disputar prestadores, recrutar corretores e captar beneficiários no Rio e em Duque de Caxias — as mesmas praças onde a Federação tentava, com parcos recursos e dívidas acumuladas, evitar o caos assistencial.

Na prática, a Unimed Seguros passou a canibalizar a receita da FERJ, drenando recursos de uma entidade já fragilizada e transformando a crise do sistema em oportunidade comercial e política.

Porque, ao contrário do que se vende nos discursos cooperativistas, há um projeto pessoal em curso: Helton Freitas trabalha nos bastidores para se viabilizar como futuro presidente da Unimed do Brasil, e utiliza a Seguros como instrumento para consolidar poder, influência e território.

Para quem acompanha a política interna do sistema Unimed, a equação é cristalina: quanto mais fragilizadas as singulares e federações, maior o espaço de manobra para a Seguros — e maior o capital político acumulado por seu presidente.

É uma lógica perversa, mas eficaz: ganhar força interna às custas da asfixia financeira de quem está lutando apenas para manter pacientes vivos.

O resultado desse comportamento predatório é devastador. A Unimed FERJ, que assumiu heroicamente a carteira da Unimed-Rio para evitar desassistência em massa, foi empurrada para o limite financeiro por dívidas renegociadas, efeito-represa de atendimentos represados e queda drástica de capital de giro. E, enquanto isso, a Seguros seguia expandindo silenciosamente sua presença comercial na mesma área, como se fosse apenas mais um movimento empresarial — quando, na verdade, era um golpe político.

Mas o próximo capítulo dessa história, que deveria envergonhar qualquer defensor do cooperativismo, aconteceu agora, em novembro.

Com a FERJ à beira do colapso, e após meses de ausência da Unimed Seguro, quem foi obrigada a assumir a responsabilidade assistencial foi a Unimed do Brasil, uma entidade que sequer opera como operadora de saúde.

A Confederação Nacional, que nunca geriu carteira de beneficiários, teve de firmar contrato de compartilhamento de risco para garantir, a partir de 20 de novembro, o atendimento de todos os usuários da FERJ. A Unimed do Brasil precisou intervir porque a Seguros, que tinha o dever — e a capacidade — de agir, optou pela omissão.

Enquanto isso, Helton Freitas segue trabalhando para projetar-se como líder máximo do sistema Unimed — permanece incólume, expandindo território, acumulando influência e deixando para trás médicos, prestadores e beneficiários que pagam o preço de seu projeto pessoal.

A crise da FERJ não é apenas consequência da falência da Unimed-Rio.

É também — e talvez principalmente — produto da combinação explosiva entre omissão institucional, expansão predatória e ambição política.

Se o cooperativismo ainda significa alguma coisa dentro do sistema Unimed, este é o momento de olhar sem eufemismos para a pergunta que ninguém quer formular abertamente: como é possível que uma entidade criada para fortalecer o sistema se comporte como seu maior predador?

A resposta está diante de todos — basta coragem para dizê-la.