Coluna Magnavita | Crise financeira e de gestão da Cesgranrio leva reitores a escolher novo presidente

Comenta-se a boca pequena, principalmente nos meios educacionais, que a Fundação Cesgranrio está em um processo de intervenção branca, com uma nova gestão. O assunto virou um tabu pelo enorme carinho da sociedade carioca com o professor Carlos Alberto Serpa e tem sido mantido longe da grande imprensa. O novo presidente da Fundação, Jairo Henrique Pereira, assumiu o cargo no último dia 16 de setembro e, em carta aberta dirigida à sociedade e colaboradores, reconheceu publicamente a complexa situação financeira pela qual a instituição vem passando.

A carta do novo presidente revela duas notícias preocupantes. O delicado estado de saúde do professor Carlos Alberto Serpa, um dos maiores mecenas da cultura e da educação brasileira e a saúde financeira da própria Cesgranrio, um centro de excelência em concursos e formação superior com base no Rio e empregador de centenas de profissionais altamente especializados.

OS GRAVES PROBLEMAS DA CESGRANRIO - Na carta aberta de 01 de outubro, o novo presidente da Cesgranrio, Jairo Henrique Pereira, revela, sem meias palavras: "A situação institucional encontrada na Fundação Cesgranrio revela-se complexa, porém, plenamente reversível. Identificamos cinco pontos de atenção que demandam ação imediata, transparência e senso de prioridade. O primeiro refere-se às pendências tributárias, resultantes, em sua maioria, de encargos sobre a folha de pagamento. O plano inicial é conquistar o merecido Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), a fim de conter o avanço desse passivo e promover o parcelamento junto à Receita Federal e à Procuradoria da Fazenda Nacional — mecanismo absolutamente usual em nosso país."

Jairo aponta ainda uma política desigual de remuneração na instituição: "O segundo ponto é o pagamento da folha salarial. Pagar o salário é mais que uma obrigação: é um ato de respeito ao trabalhador e à sua família, expressão direta da dignidade humana, princípio central da nossa Constituição. A dificuldade atual decorre de uma política desigual de remuneração e da ausência de critérios objetivos de progressão e promoção, realidade que pretendemos corrigir tão logo seja possível."

PROBLEMAS DA CESGRANRIO COM OS BANCOS - O presidente da fundação Cesgranrio relata também as suas atuações às obrigações bancárias. Afirma Jairo Pereira: "Registro o profissionalismo, a serenidade e o respeito com que as instituições financeiras têm conduzido o diálogo com a Fundação, demonstrando sensibilidade e compromisso com a sua trajetória. Estou confiante de que a negociação trará resultados positivos não apenas para a Cesgranrio, mas também para o Rio de Janeiro e para o país, permitindo que o serviço de excelência que sempre marcou nossa história continue a beneficiar a sociedade com o mesmo alcance e qualidade". Não é relevado, porém, quais os valores milionários pendentes com as instituições financeiras.

QUEM É O NOVO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO - O Procurador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Jairo Henrique Pereira, foi eleito, em setembro passado, presidente da Fundação Cesgranrio. Reconhecido por sua atuação firme e comprometida com a educação pública, Jairo Henrique traz para a Fundação sua experiência jurídica e acadêmica, acumulada ao longo de anos de dedicação à UERJ. Os Reitores das universidades públicas e comunitárias se reuniram e, de forma unânime, escolheram Jairo para a Presidência. A Reitora da UERJ, professora Gulnar Azevedo e Silva, autorizou que o seu procurador assumisse essa função, preservando o seu vínculo e responsabilidades com a universidade estadual.

O GRANDE LEGADO DE SERPA É VER UMA CESGRANRIO RECUPERADA - O estado de saúde de Carlos Alberto Serpa é delicado e a corrente de orações para a sua recuperação é enorme. O professor Serpa, como é carinhosamente chamado, construiu uma instituição que é um legado para a edição e cultura. Salvar a Cesgranrio é de extrema importância para o Rio. O novo presidente é sensível à importância que a fundação passou ocupar na vida cultural carioca.