Coluna Magnavita | Exclusivo: Esquema de grilagem de Carlos Suarez na Bahia fica 'radioativo' com prisão de Walter Nunes Seijo

Por Cláudio Magnavita*

Carlos Suarez

O Correio da Manhã vem denunciando o engenhoso esquema de grilagem em Salvador criado pelo ex-sócio da Construtora OAS, Carlos Seabra Suarez, que utilizou milicianos para invadir uma área portuária em Aratu, na cidade de Candeias, contrariando decisões até do Superior Tribunal de Justiça.

O personagem principal de Carlos Suarez neste processo batizado de Grilagem S/A pelo Gaeco baiano, foi preso nesta quinta, 04 de setembro, por coincidência ou não, data de aniversário do ex-governador Antônio Carlos Magalhães. Se vivo, ACM (o original) faria 98 anos.

Uma operação deflagrada pelo Ministério Público baiano e pela Polícia Civil prendeu oito pessoas em Salvador e nas cidades de Candeias e Camaçari, na Região Metropolitana (RMS). A ação mirou um grupo investigado pelos crimes de grilagem de terras, corrupção ativa e corrupção passiva.

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), entre os presos estão três policiais militares e um policial civil que, conforme apontam as investigações, facilitavam as ações do grupo criminoso. Entre os nomes está o braço direito de Carlos Seabra Suarez, o engenheiro Walter Nunes Seijo Filho, que ocupa vários cargos como estatuário nas empresas do ex-sócio da OAS, inclusive na área de energia, e personagem principal das denúncias realizadas durante os meses de julho e agosto pelo Correio da Manhã, em matérias assinadas pelo jornalista Cláudio Magnavita. Seijo, que dormiu na cadeia de quinta para sexta, é o presidente estatutário da Companhia Docas de Candeias - CDC, ao lado do filho de Carlos, o jovem engenheiro Gabriel Silva Suarez e de Carlos Antônio Ibiapina Junior, irmão do ex-prefeito de Candeias, Pitágoras, que implantou o esquema de abdução da milionária área pelo valor simbólico de 1,2% do valor de mercado, e ainda pago com os cofres públicos da cidade.

Foram cumpridas 11 ordens de busca e apreensão com ações deflagradas nos bairros da Pituba, Bairro da Paz, Piatã, Itapuã e Chame Chame, na capital baiana, além de Itacimirim, na cidade de Camaçari. A grilagem de áreas urbanas envolvia ações de uma milícia privada a serviço dos interesses de Carlos Suarez, expulsando com violência ocupantes de áreas urbanas, que depois eram incorporadas com a construção de benfeitorias e usando cartórios para metamorfose de teremos vendidos a peso de ouro.

A prisão de Walter Nunes Seijo Filho é o mais duro golpe sofrido pelo esquema de ocupação territorial na força e com irregularidades até na manipulação do judiciário, por Carlos Suarez, baiano de origem galega, que nacionalmente virou o Rei do Gás, mas que, na Bahia, age de forma truculenta, usando até a mídia para intimidar seus adversários, depois que virou mantenedor do combalido jornal A TARDE.

Entre as grilagens que foram barradas, estava a transposição cartorial de um terreno da sua área original para a rota do metrô de Salvador, que pagaria uma indenização de R$ 8 milhões, derrubada na justiça baiana.

Walter Seijo Filho é também diretor estatuário da ELETRORIVER S.A., CNPJ/MF n° 01.968.293/0001-68, empresa de energia de Carlos Suarez. Na Companhia Docas de Candeias ele desenvolveu uma engenharia que envolveu a manipulação da justiça baiana em um processo de desapropriação de uma área milionária envolvendo um processo inédito de desapropriação de um terreno federal por um ente municipal, que retirou da recuperação judicial da construtora GDK, o seu principal ativo, e, na sequência, uma inusitada falência decretada por uma juíza substituta da 2ª Vara Empresarial da Comarca de Salvador. O Correio da Manhã revelou que o administrador judicial da massa falida, nomeada pela magistrada, passou a ser um escritório de advocacia que sempre advogou para a OAS e para a holding da família Suarez, Castro Oliveira Advogados, que leva o nome do advogado Fabrício Castro Oliveira, ex-presidente na OAB Bahia e membro do Conselho Federal da Ordem.

Com a prisão do seu "longa manus" e a decisão do Gaeco de levar até o fim as investigações, o fundador da OAS, Carlos Suarez, e o seu esquema de grilagem na Região Metropolitana de Salvador e na baía de Todos os Santos, começam a ficar radioativos. Vai ser difícil a justiça baiana continuar apadrinhando um esquema que resultou na prisão do colaborador mais íntimo de Suarez e na sua insanidade de transformar a Bahia na sua capitania hereditária.

Com a prisão de Seijo, ficam radioativos também o esquema de Suarez em Brasília, na construção de uma desnecessária termoelétrica, e a CEBGAS.

A surpreendente prisão de Walter Nunes Seijo Filho detona na Bahia uma verdadeira bomba atômica: o celular. Nele, o Gaeco vai descobrir como Carlos Suarez batiza em tom jocoso os laranjas que arranja, denominado-os de "C.U." e tira o sono do próprio fundador da OAS; do seu filho Gabriel Suarez; do MR King; do ex-prefeito Pitágoras; diretores de empresas de energia; de advogados que atuam como Administradores Judiciais; e de alguns parlamentares. Será a fishing expedition mais atômica da Bahia. Poucos imaginavam que o MP e a Polícia baiana iriam agir com tanto rigor e na surdina. Merecem aplausos!

Em tempo: Ganha um abadá quem acertar a pergunta da semana: Será que o jornal A TARDE dará manchete sobre a prisão de Walter Nunes Seijo Filho e, especialmente, a sua relação com Carlos Suarez?

*Diretor de Redação do Correio da Manhã