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Polícia Federal investigou sociedade de André Esteves com o

fundador da Copape

O envolvimento explosivo da Faria Lima com o setor de combustível é antigo. O mercado financeiro adora flertar com o perigo. As operações Quasar, Tank e Carbono Oculto trouxeram à tona uma sigla que já ficou conhecida nas páginas policiais, a Copape, acusada de hoje ter relações com o PCC.

O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, viveu o seu inferno astral ao ser associado ao sócio fundador da Copape, Carlos Santiago, de quem foi sócio na empresa Derivados do Brasil, a DVBR, a partir do ano de 2008 e em seguida da DVBR, de uma rede que tinha 118 postos em Minas Gerais e São Paulo.

Em delação premiada, o doleiro Alberto Youssef, agora liberado pelo STF dos efeitos da Lava Jato, apontou que o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, foi denunciado por transações suspeitas entre o BTG e a BR Distribuidora. Segundo revelado em maio de 2015, pela revista Época, que pertencia às organizações Globo, o ex-presidente e então senador Fernando Collor (PTB-AL) esteve envolvido na negociação e teria recebido cerca de R$ 3 milhões em propina. O senador, no entanto, sempre negou qualquer relação com o BTG ou o grupo de Alberto Youssef.

O doleiro, em depoimento à Polícia Federal, afirmou que a BR Distribuidora pagou R$ 300 milhões na negociação. Ainda, conforme a antiga revista da família Marinho, "essa negociação tinha o intuito de tirar a DVBR do prejuízo, uma reclamação constante tanto do banqueiro quanto de Santiago. A negociação entre o DVBR e a BR Distribuidora também teve como um dos emissários Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-diretor da BR Distribuidora indicado por Collor. Conforme Youssef, Ramos foi o responsável pelo pagamento da propina ao Senador".

Carlos Santiago era um dos velhos operadores do ramo de combustível e, além da formuladora Copape, possuía um terminal marítimo em Santos, que até hoje pertence a sua família. A formuladora foi vendida para os atuais proprietários que estão sendo acusados de relacionamento com o PCC.

Ex-sócio de André Esteves, Carlos Santiago foi preso acusado de pedofilia e morreu como consequência de um tumor cerebral. Os R$ 300 milhões recebidos da BR Distribuidora, como adiantamento pela exclusividade de adesão dos 118 postos à bandeira de BR, nunca resultaram em exclusividade plena. Santiago abriu diferentes CNPJs nas unidades de seus postos e comprava combustível de outros fornecedores.

UMA CONEXÃO INVESTIGADA - A Polícia Federal e o Ministério Público estão de olho em uma estranha conexão dos acionistas da Copape com operações portuárias no estado do Rio. A sua distribuidora no Rio, a Terrana, tem como presidente Paulo Narcélio Simões Amaral, que participa também da gestão dos Portos de Angra dos Reis e Açu.

É neste cenário de conexões, que aparece Mohamad Hussein Mourad, investigado pelas operações Quasar, Tank e Carbono Oculto e o seu envolvimento com o PCC. Ele colocou sua equipe na gestão da Terrana e chegou a aparecer em vídeo em uma reunião virtual.

O assunto fica mais explosivo quando é colocado em cena o empresário Eike Batista. Depois que o Correio da Manhã apontou, na edição desta segunda, 01 de setembro, a presença da Terrana/Copape, os operadores do terminal de Açu, a Prumo Logística, desenvolvedora do Porto do Açu, mandou nota para o jornal na qual "informa que suas subsidiárias não possuem qualquer transação, contrato ou relação comercial com as empresas ou pessoas mencionadas na matéria.".

Ficou apurado que o laço Terrana/Copape é com a Aliseo, que ocupa uma área de 160 mil m² com posição privilegiada na porção norte do território pertencente à OSX. Thiago Lemgruber Porto, presidente da OSX Brasil, afirmou, através de nota distribuída pelo governo do estado do Rio, que "nos últimos dois anos ampliamos as marcas parceiras atuando no espaço da OSX e o novo momento que o Rio atravessa trouxe credibilidade para ajudar a captação de novos investidores para o SuperPorto do Açu, como é o caso da Aliseo".

Paulo Narcélio Simões Amaral é o elo que une a Terrana/Copape, Mohamad Hussein Mourad ao Porto de Angra e a Açu. Zona Portaria é estratégica para o controle alfandegário do país.