Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita | GAECO explode 'bomba atômica' em Salvador e atinge nomes da alta sociedade baiana

Operação atinge nomes da alta sociedade baiana | Foto: MPBA

A operação Grilagem S/A deixou o Tribunal de Justiça da Bahia em uma enorme saia justa. A apreensão dos celulares e computadores de Walter Seijo Filho e Eduardo Cenai da Silva Souza, trouxe, na extração de dados, nomes relevantes da sociedade baiana, de empresários e dirigentes associativos. É nitroglicerina pura.

No caso do topógrafo Eduardo Cenai, que continua preso na penitenciária Lemos Brito, em Salvador, a sua atuação como sócio de empresa patrimoniais o coloca como proprietário de parte da Ilha dos Frades, epicentro e menina dos olhos do ex-sócio da OAS, Carlos Seabra Suarez.

Entre as sociedades, Cenai é sócio de Alcebíades de Queiroz Barata na Patrimonial Coqueiro Grande S/A, CNPJ 23.851.139/0001-44, e da Santa Apolónia Patrimonial, CNPJ 22.094.538/0001-45. As ligações de Barata e Suarez são conhecidas em todo o estado da Bahia. Inclusive, Barata passou a integrar o Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia na gestão de Isabela Suarez, filha de Carlos, que assumiu a presidência da entidade.

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Eduardo Cenai | Foto: Reprodução

 

A saia justa do TJ-BA é que nenhum dos desembargadores se sente à vontade em assumir o processo, que já tem mais de mil páginas e demonstra a atuação de uma organização criminosa soteropolitana com atuação em áreas da Prefeitura de Salvador na gestão de ACM Neto.

Eduardo Cenai teve a sua prisão preventiva decretada e mantida. Continua preso. Na mesma operação, Walter Seijo Filho, que é presidente da Companhia Docas de Candeias - CDC, como diretor estatutário ao lado de Gabriel Suarez (filho de Carlos), teve sua prisão em flagrante durante a busca e apreensão, por portar uma arma. Pagou fiança e foi liberado. A empresa pertence à Bahia Terminais, de Carlos Seabra Suarez, e tomou posse na marra de um uma área portuária de 110 mil m², após uma decisão do STJ que proibia a posse do terreno pela prefeitura de Candeias, sócia minoritária da CDC com Suarez.

A imprensa baiana tem feito um silêncio tumular sobre a operação Grilagem S/A, já que o jornal A TARDE tem Carlos Suarez como mantenedor e o Correio da Bahia pertencente a ACM Neto. Nenhum registro foi feito sobre a prisão de Eduardo Cenai da Silva Souza. Ele, pessoalmente, conforme a investigação, comandou o grupo armado que retirou à força um ancião de sua residência em Mussurunga, em Salvador. O inquérito começou na delegacia especializada em proteção aos idosos.

Nas mais de mil páginas do processo, uma delas chama atenção. Um gráfico que revela a teia de comando do esquema sofisticado de grilagem empresarial e que reporta Walter Seijo e Eduardo Cenai a um núcleo superior, ou seja, os verdadeiros comandantes da ORCRIM. É este desdobramento que torna ainda maior o potencial explosivo desta investigação, turbinada pelos celulares e computadores apreendidos.