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PINGA-FOGO

ESTILOS BEM DIFERENTES - A temperatura ficou elevada nesta quinta na política do Rio. O Governador Cláudio Castro embarcou às 15 horas, na TAP, para uma viagem de bate e volta a Lisboa. Assumiu o governo o deputado Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj, que cumpriu o que prometeu: exonerou em rito sumário o secretário de Transportes, Washington Reis, que passou as duas últimas semanas esticando a corda ao máximo.

No confronto no plenário da Alerj com o colega deputado Rosenverg Reis, Rodrigo Bacellar afirmou "eu não sou o governador Cláudio Castro". Ficou claro que são dois estilos diferentes. O governador possui uma tolerância conventual, capaz de uma capacidade extraordinária de resiliência e de não pensar com o fígado, promovendo o equilíbrio e a conciliação.

No caso de Reis, uma equação adicional, que poucas pessoas lembram: a proteção da família Bolsonaro. No evento da Avenida Paulista, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que existe realmente um compromisso da família com Reis. Washington tenta derrubar a sua inelegibilidade, mesmo que para isso seja obrigado a flertar com Paes e o próprio Lula, criando o BolsoLula.

Neste episódio da exoneração não se deve vitimizar Washington Reis. Ele protagonizou vários casos de insubordinação e de contrapor o governador. O que ele queria com isso? Provocar uma crise? Só há crise com a demissão para quem não percebeu que Rodrigo Bacellar é uma pessoa e Cláudio Castro é outro.

As cartas estão na mesa. Castro tem o seu estilo e Bacellar o seu. Washington deixou isso bem claro. A classe política agora já tem uma visão do estilo de cada um.

O TREM FANTASMA DE MISTER KING - A gestão de Washington Reis vai ter de explicar à justiça como conseguiu incluir 116 vagões de trens da Central do Brasil, para pagamento de uma dívida de R$ 1 milhão. Cada vagão saiu por módicos R$ 8 mil.

O Dr. Daniel Calafate Brito - Juiz em Exercício da 1ª Vara da Fazenda Pública, determinou a suspensão dos efeitos da homologação do Acordo em id. 4036 até a decisão dos presentes Embargos, notadamente a dação em pagamento dos bens (adjudicação) dos 116 vagões.

O processo 0037260-17.1997.8.19.0001, que tem como autor o ESPÓLIO DE LUIZA CARVALHO NICANOR TOMAZ e como Réus a FLUMITRENS e COMPANHIA ESTADUAL DE ENGENHARIA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA - CENTRAL, de um acidente rodoviário, foi usado como pano de fundo para o negócio que envolve 116 vagões de trem. Eles foram adjudicados para quitação de uma dívida, que hoje não passaria de R$ 1 milhão. A primeira decisão judicial foi favorável a entrega dos vagões relacionados como sucatas e qualificados em um processo no estado que misteriosamente ganhou sigilo com o número SEI 100006/000799/2024.

Com a decisão inicial que aceitou os 116 vagões por um milhão, um guindaste de uma empresa de Duque de Caxias, começou retirando dois vagões por dia do depósito denominado XM5 da Supervia, com autorização da Central. Com a decisão do Juiz Calafate Brito, em 11 de junho, os vagões pararam de ser retirados, mas o trabalho dos serralheiros continuou. A Central terá de apresentar em juízo a íntegra do processo do SEI, pelos sinais de irregularidades na avaliação do bem do estado, entregue por um valor 16 vezes inferior ao valor de mercado dos equipamentos.

Os 116 vagões aceitos como pagamento da ação indenizatória feito a pessoas simples e de uma hora para outra apareceu carretas e guindastes para a remoção, em uma operação milionária.

O presidente da Central é Fabricio Abilio, homem de confiança de Washington Reis. O processo de adjudicação foi montado passando pela Procuradoria Geral do Estado; Casa Civil; e pela própria governadoria, como se fosse um grande negócio para o governo, sem revelar as nuances de um negócio milionário que envolve empresas de sucatas e reciclagem.

Para um conhecido advogado que teve acesso ao processo e aos embargos: "A justiça foi usada pela gestão de Washington Reis para que 116 vagões de trens, com valor de mercado de R$ 16 milhões, fossem entregues a operadores do mercado por uma ínfima parte do valor, é de uma enorme ousadia".

A própria justiça é quem está agora colocando lupa e barrando o negócio.