Coluna Magnavita | Os milagres da Amil na era amigável do Lula 3
Amigo de Lula, dono da Amil reduz taxa de sinistralidade eliminando os contratos de pacientes autistas
Quando o amigo-irmão do presidente Lula, José Seripieri Filho, o Júnior da Qualicorp, assumiu o controle a operação da Amil, em uma disputa que eliminou um a um os interessados, o mercado de plano de saúde olhou com o interesse e lupa a ousadia empresarial, que coincidia com um cenário político favorável, já que o seu grande aliado era o novo inquilino do Palácio do Planalto.
Seripieri é aquele empresário que levou Lula e Janja até o Egito, no seu super jato executivo, semanas antes da posse presidencial, o que atraiu ainda mais as atenções e deixou claro a sua intimidade com o poder.
A compra da Amil ocorreu exatamente dois anos depois da viagem com o presidente eleito. Meses depois de assumir o comando da empresa, começou a pipocar dezenas de ações na justiça de usuários de planos, especialmente os da nova empresa de Júnior, com reclamações sobre o cancelamento unilateral dos contratos. Entre os mais atingidos estão pacientes autistas, portadores de comorbidades e tratamentos caros. Uma verdadeira limpeza da carteira.
Quando criou a Qualicorp, um grande atacadista que vendia planos de diversas empresas e, pelo volume, conseguia reduzir mensalidades, José Seripieri Filho fazia exatamente o contrário. Aceitava todo mundo, comprava carências e, pelo volume, oxigenava as operadoras carentes de recursos. Na prática, jogava muita sujeira para debaixo do tapete, criando carteiras consideradas podres e elevando a taxa de sinistralidade. As operadoras gastavam mais do que arrecadavam.
O esquema funcionou com as operadoras fazendo caixa imediato e criando artifícios para compensar o hiato entre receita e despesa. Um deles o de postergar pagamentos a fornecedores, criando rotinas em cima de rotinas para liberação, o que deixava as faturas a pagar em um limbo contábil de meses. Não afetava os balanços e nem o aumento de garantias exigidas pela ANS. Só a Unimed Rio chegou a pagar próteses e material cirúrgico em 180 a 300 dias. Havia armários com milhares de faturas propositalmente aguardando liberação.
Ao limpar a carteira da Amil, Seripieri conseguiu algumas mágicas, que foram apontadas em um relatório do Itaú BBA. A sua taxa de sinistralidade caiu de 103,7% para 78,7% nesse período.
Como publicou o site Bastidor no último dia 07 de setembro, o resultado alcançado pela Amil, operadora de José Seripieri Filho, o Júnior, chamou a atenção de especialistas. O mesmo relatório aponta que a taxa de sinistralidade do setor no segundo trimestre ficou em 85,1%, o que representa uma melhora de 3,6 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Ou seja, além de recuperar seu indicador, a Amil conseguiu atingir um percentual inferior à média do mercado.
Segundo o Bastidor, o presidente do Instituto Segurado Seguro, Sandro Raymundo, não descarta a possibilidade desse número ter melhorado em razão do descredenciamento de usuários, negativas de autorização em procedimentos, assim como de reembolsos. Agora em 2024, a operadora foi uma das 20 notificadas pela Senacon por estar rescindindo contratos de forma unilateral.
No ranking de reclamações feitas na Agência Nacional de Saúde Suplementar, a Amil está em 4ª lugar, ficando atrás apenas do Bradesco Saúde, Unimed RJ e NotreDame. Dados da Secretaria Nacional do Consumidor revelam que a maior parte das queixas registradas no consumidor.gov é sobre demandas não resolvidas, reembolsos e negativa de cobertura, principalmente devido ao descredenciamento na rede.
A operação de aquisição da Amil em 2023 ficou conhecida como a maior M&A (operação de fusão e aquisição) realizada por uma pessoa física sozinha na história do Brasil. No negócio, Júnior pagou 2 bilhões de reais e assumiu passivos de cerca de 9 bilhões.
Com Lula na Presidência, com a passividade da ANS e com um tribunal amigo, principalmente o STF, o investimento foi feito em um cenário amigável, da mesma forma a limpeza da carteira de Amil, para desespero das famílias de crianças autistas.
