Acessibilidade, inclusão e visibilidade da pessoa com deficiência marcaram o primeiro dia da ação social em homenagem ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, que está sendo realizada, nestas quinta e sexta-feiras (26 e 27/9), das 10h às 17h, no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
Oferecendo diversos serviços a pessoas com deficiência de todas as idades e perfis, o evento realiza atendimento para expedição de diferentes documentos, postos de trabalho, auriculoterapia, serviços de estética (manicures, design de sobrancelhas, cabeleireiros), instrução de higiene oral, recreação, rodas de conversa, entre outros. Questões ligadas a casamento, divórcio, retificação de registro, registro tardio, guarda, tutela e interdição também podem ser resolvidas no ônibus da Justiça Itinerante, presente no evento.
"Espero mostrar que a gente pode fazer quando quer. O Tribunal deseja ser um Poder Judiciário diferente, que se preocupa além da prestação da jurisdição. Que estamos, sim, preocupados com a inclusão. Queremos dar a nossa contribuição para que todos se sintam incluídos numa sociedade mais equânime, menos desigual. Essa é a mensagem que queremos deixar", afirmou o presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, que participou da ação.
A coordenadora da iniciativa, desembargadora Regina Lucia Passos, destacou que, na ação, as pessoas encontrarão dignidade, inclusão, acessibilidade e atenção. "Abrimos as portas dos nossos corações e das nossas mentes para comprovar essa nossa vontade de promover a inclusão verdadeira, a acessibilidade em todas as dimensões. Nós convidamos pessoas maravilhosas que vão trazer também muitas alegrias porque nem só de tristeza vivem as pessoas com deficiência e elas aqui vão encontrar este acolhimento", afirmou a magistrada, que informou, ainda, o lançamento no Judiciário fluminense da campanha do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) "Capacitismo: o que você tem a ver com isso?".
Para o lançamento, esteve presente também no evento o conselheiro do CNJ Pablo Coutinho.
Atleta medalhista paraolímpico
O atleta paralímpico de natação Douglas Matera, que ganhou a medalha de prata no revezamento 4x100m livre misto nas Paralimpíadas de Paris este ano, começou no esporte ainda criança, com cerca de cinco anos, quando enxergava. Com retinose pigmentar - doença degenerativa da retina que faz com que haja a perda gradativa da visão, Douglas começou na modalidade paralímpica em 2017, aos 24 anos, e hoje, aos 31, comemora dois grandes sonhos realizados: a conquista da medalha e o nascimento da filha Amanda, de 1 ano e 4 meses.
"Estou aqui como representante do movimento paralímpico e das pessoas com deficiência. Qualquer programa que promova a visibilidade da pessoa com deficiência e a inclusão é importante. O esporte é importante para todo mundo e para as pessoas com deficiência talvez até mais porque é umas das formas de a gente promover e quebrar barreiras", afirmou.
Samba sobre Rodas
Usando cadeira de rodas para locomoção há dez anos, Lu Rufino é porta-bandeira da escola de samba Embaixadores da Alegria, que conta ainda com uma passista com Síndrome de Down. "Estou na escola há oito anos. Em 2018, tivemos o orgulho de levar este samba para Londres, a convite do governo britânico. Fomos levar essa ideia de que para dançar você precisa ter essência, tem que se reconhecer como dançarino, falamos de deficiência sem nos vitimizarmos, sem arrastar correntes, de forma bonita, dizendo 'eu tenho potencialidade, eu tenho talentos. Sou tão aberta às coisas boas que podem acontecer porque a deficiência me deu muita coisa boa. Quando você se aceita, você aceita tudo de bom que o universo traz", compartilhou.
Mesmo de férias, o servidor Luiz Claudio da Cruz Alves, de 52 anos, que trabalha no Fórum de Bangu, não quis perder o evento, do qual soube pela imprensa e pelo site do TJRJ. Para ele, reunir os serviços em um só local facilita bastante. "É muito bom poder resolver tudo em um lugar só, sem precisar ficar se deslocando. Se não buscarmos estar informados, não conseguimos saber sobre nossos direitos", contou.
Moradora de Honório Gurgel, na Zona Norte da cidade, Laís Caroline Dutra, que tem deficiência visual, demorou cerca de 1h de transporte público até o evento, mas, mesmo com a distância, valeu a pena.
Familiares de pessoas com deficiência
Ana Cristina Ferreira compareceu à ação com o irmão Marcelo Ferreira, que tem Síndrome de Down. Foi ajudá-lo a resolver um problema de bloqueio no seu cartão Riocard. Ela contou que achou o evento bem organizado.