Por: Cláudio Magnavita*

Coluna Magnavita | Neste 8 de fevereiro, nasce o 'ovo da serpente' da eleição do Senado de 2026

Congresso Nacional | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

As cabeças pensantes do Planalto ficaram preocupadas com os rumos que o Brasil passou a ter neste 8 de fevereiro de 2024. Não que as coisas tenham saído do rumo, já que as investigações precisam ser feitas. Quem errou que pague pelos seus erros. A luz amarela e até vermelha, sem trocadilhos, acendem por um desdobramento inesperado.

A primeira grande dificuldade é explicar para uma nova geração o que é golpe. Só os grisalhos sabem o que foi o regime militar e as agregaras de 1964. Tortura e caserna é algo longe do imaginário popular. O rótulo para justificar a operação neste 8 de fevereiro fica longe da percepção das massas e das novas gerações nascidas e crescidas na democracia.

O que cola é o clima de uma revanche política que pode cristalizar o eleitorado de direita nos seus 25 a 30%. O brasileiro tende a ser solidário com as vítimas. Questão de índole. A vitimização do bolsonarismo e o sentimento de perseguição é o que vai aflorar. Nesta linha de pensamento, este eleitorado, ao ser cristalizado, deixa de poder ser conquistado.

Para este eleitor, quem é o maior inimigo do Bolsonarismo hoje? Um doce para quem disse que é o STF, fechado em um espírito de corpo, como nunca esteve. Quem olhar para o horizonte verá que 2026 está ali… bem pertinho. Serão eleitos na próxima rodada 54 senadores. Como todos os partidos lançam candidatos ao Senado, cada cadeira é conquistada com 25 a 30% dos votos. Exatamente a fatia que está sendo cristalizada pelo 8 de fevereiro, como revanche ao 8 de janeiro.

Na prática, há o partido de Bolsonaro, o partido do judiciário anti-Bolsonaro, por fim, o partido anti-Supremo. Uma nova questão: quem fará uma aliança com o partido de Bolsonaro e derrotará o partido do judiciário anti-Bolsonaro em 2026, fazendo 30 cadeiras das 54 que estarão em disputa?

Lula, o Supremo e a Globo terão em 2026 um Senado bolsonarista e pronto para cassar o primeiro ministro do Supremo em toda a história brasileira! É o mesmo Senado que pode perdoar e estabelecer uma nova ordem. Este 8 de fevereiro vai ser o dia do ovo da serpente!

O maior erro deste 8 de fevereiro foi ter trazido esta crise para classe política. Incluir Valdemar da Costa Neto na operação foi um desatino. Criou um constrangimento desnecessário para uma classe que sabe fazer espírito de corpo. Para azar da operação, o que seria uma busca e apreensão virou prisão inafiançável, não pela arma que possui registro em nome do filho do presidente do PL, que estava vencido. Mas por uma pepita de ouro que foi lhe dada como presente e que custa R$ 10 mil. Uma lembrança de correligionário — e não do tráfico de ouro. Colocaram na cadeia um senhor de 74 anos que, em 11 de agosto, completa 75 anos, que faz parte parte do cenário político e com amigos na esquerda. Ele esteve preso na Papuda com Zé Dirceu por mais de um ano. Tem relações fraternas com Lula e com o maior partido do país.

Valdemar é um profissional da política e do diálogo. A comoção em torno do seu nome e a postergação da sua audiência de custódia coloca mais lenha nesta fogueira de vingança. 

Uma pergunta que não quer calar... Existe no Brasil uma justiça militar? Por onde anda o Superior Tribunal Militar?

*Diretor de redação do Correio da Manhã

 

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