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PINGA-FOGO

ARRUMANDO A CASA - A edição extra do Diário Oficial desta segunda, 27, trouxe a nomeação do delegado Victor César Carvalho dos Santos como secretário de Segurança Pública. Na terça e na quarta, sai a incorporação da Secretaria da Polícia Civil e da Secretaria da Polícia Militar à SSP. Haverá agrupamento de estrutura e unificação das corregedorias. Os atuais chefes das pastas perderão o status de secretários de Estado e ficarão subordinados a Victor César.

O mesmo DO trouxe a exoneração do Procurador-Geral do Estado (PGE) Bruno Dubeux e a nomeação do seu substituto, Renan Miguel Saad. Quem frequenta o quinto andar do anexo já tinha recebido sinalizações de que a mudança ocorreria antes do final do ano. A surpresa foi o nome de Saad. Outros procuradores eram apontados como prefeitos. Dubeux sai em clima fraterno, deixando amigos e sem trauma. Marca de sua elegância profissional.

A Seap e a Defesa Civil mantém o status de secretaria e seguirão como pastas independentes. A Segurança Pública terá apenas a Polícia Militar sob seu guarda-chuva.

A recriação da Secretaria de Segurança Pública atende uma sugestão do Ministro Flávio Dino e do secretário executivo Ricardo Cappeli. Havia uma dificuldade de interlocução única com a área federal. Entre as mudanças, haverá a necessidade de alterar novamente a Lei Orgânica da Polícia Civil.

ALMOÇO DE UNIÃO NO LARANJEIRAS - Guardada a sete chaves, foi realizada, nesta segunda, 27 de novembro, a reunião de alinhamento político dos partidos que formam a base do governo Cláudio Castro. O almoço foi realizado no Palácio Laranjeiras e o prato principal foi a formação de consenso nas eleições de 2024. Pelo MDB, o secretário Washington Reis; Áureo Ribeiro do Solidariedade (que tem o comando da Secretaria de Cultura); pelo União Brasil, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar; deputado Altineu Côrtes, presidente do PL (partido do Governador); e Dr Luizinho, presidente do Progressistas.

RAMAGEM QUASE UNGIDO - MDB, PP e União Brasil receberam apelo do PL para formar consenso no apoio ao deputado federal e delegado de Polícia Federal, Alexandre Ramagem. Na sexta, já tinha sido ungido pré-candidato pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do PL no jantar na churrascaria na Barra. Agora, os Titãs vão definir o cenário estadual para validar o apoio final.

LATIFÚNDIO ELEITORAL - A costura proposta pelo governador Cláudio Castro, que sai como o grande coordenador político do estado, poderá dar a Alexandre Ramagem 58% do horário gratuito na televisão e rádio, reeditando o tempo que o próprio governador conquistou na sua reeleição.

ESQUERDA DIVIDIDA - A esquerda apoia o atual prefeito Eduardo Paes, porém, de forma dividida. No seio do próprio Partido dos Trabalhadores, algumas estrelas já anunciaram apoio a candidatura do deputado federal Tarcísio Motta, entre eles o deputado Lindbergh Farias, o grande animador da militância mais festiva.

ACENO A CONSERVADORES - O prefeito Eduardo Paes tem feito alguns acenos para o eleitorado da direita. A proposta de internação compulsória dos usuários de drogas foi um gesto para agradar o eleitorado conservador, principalmente, os de núcleos tradicionais como a Tijuca, Grajaú e outros bairros. Todos sabiam que não haveria chance da ideia emplacar. Foi um factoide político que deu certo. Já o alinhamento dos partidos de direita e a concentração do tempo de televisão em um candidato com o perfil de Ramagem promove uma reviravolta e poderá ter sequelas nos planos de Paes.

CENÁRIO MUDA - Para a base aliada de Paes, se houver a união dos Titãs da política fluminense reabre a discussão da escolha do vice-prefeito, assunto que parecia resolvido com a indicação do deputado Pedro Paulo. O prefeito, sob este novo cenário, deverá fazer concessões que não estavam anotadas no seu caderninho.

PESO DA SEGURANÇA - O delegado Alexandre Ramagem não será um opositor folclórico, como alguns nomes que a direita estava apresentando. O seu perfil, atrelado à área de segurança, deve ser levado a sério. O PDT, na eleição anterior de Eduardo Paes, incomodou com a candidatura da delegada Martha Rocha. Se ela fosse para o 2º turno, deixaria a eleição em aberto. Um candidato que encarna uma solução para segurança pública sempre tem apelo forte.

CHAME A PF - Sincronizado com a escolha de um delegado federal para concorrer a prefeitura do Rio, o governador Cláudio Castro escolhe outro delegado federal para comandar a recém criada Secretaria de Segurança Pública, acabando com uma jabuticaba fluminense. O Rio era o único estado que fracionou a área de segurança. Uma ideia do governo Wilson Witzel que irritou a intervenção federal, que se recusou a fazer a transição com três diferentes interlocutores.

NACIONALIZOU - A escolha do delegado Alexandre Ramagem, com o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, nacionaliza a eleição do Rio. O presidente Lula será levado a mergulhar de cabeça na reeleição de Eduardo Paes. A capital fluminense, que sempre foi desprezada pelos medalhões nacionais da esquerda, chega em 2024 como um pilar para 2026. Ninguém imaginava que Bolsonaro, que é eleitor no Rio, fosse mergulhar de corpo e alma.

ESTRATÉGIA - Os opositores e até alguns aliados estão atônitos com as medidas realizadas pelo governador Cláudio Castro nos últimos dias. Alguns falavam que o governo envelheceu; que Castro não mandava mais em nada; que estava pactuado com Eduardo Paes; que havia entregue a segurança à Alerj... E por aí vai. Castro aguentou calado e trabalhou. Assumiu as rédeas da base aliada promovendo o início do alinhamento dos titãs da política fluminense na capital e que será levado a todos municípios fluminenses - fundamental para concretizar a união em torno de Ramagem - deixou explícita sua fidelidade e proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (para desespero dos fofoqueiros e plantadores de intriga), e ordenou a segurança pública de forma sincronizada com o Governo Federal. Muitos esquecem que foi essa habilidade de aguentar futricas em silêncio que o fez sobreviver ao impeachment de Witzel e ser reeleito no primeiro turno em 2022. Os Titãs juntos são imbatíveis e, na equação, atrairão o Republicanos por gravidade.

SENADORA MAIS JOVEM - Se for aprovada pelo Senado a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, Ana Paula Lobato ficará com os demais sete anos de mandato de Dino como senador. Com 39 anos, ela é a parlamentar mais jovem do Senado. Filiada ao mesmo PSB de Dino, ela nasceu na cidade de Pinheiro, que é também a cidade natal do ex-presidente José Sarney. É enfermeira de formação e empresária no ramo de locação e venda de máquinas para construção. Em 2016, foi eleita vice-prefeita da cidade, e acabou assumindo a prefeitura depois que o prefeito, Luciano Genésio (PP), foi afastado pela Justiça. Ana Paula é casada com o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Othelino Neto (PCdoB).

SEGUNDA SUPLENTE - A segunda suplente de Flávio Dino é Maria de Lourdes Pereira, conhecida como Lourdinha. Ela é filiada ao PCdoB, e presidente da Câmara Municipal da cidade de Coroatá. Assim, se a ida de Dino para o STF reduz na Suprema Corte a presença feminina, a ascensão das duas suplentes aumenta a do Senado.

CENTRÃO VOLTA À CARGA PELA CAIXA - Esta semana será encurtada pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e outros políticos embarcarão para Dubai, capital dos Emirados Árabes, para a conferência que começa na quinta-feira (30). Porém, Lira e os parlamentares do Centrão já articulam para iniciar nova pressão sobre Lula para a indicação das demais vice-presidências da Caixa Econômica Federal, depois de terem emplacado o presidente do banco, Carlos Vieira.

PRESSÃO - O Centrão combinou apertar Lula pelas indicações dos demais nomes logo depois que todos voltarem de Dubai. A Caixa tem 12 vice-presidências e a intenção inicial do grupo de Lira era a porteira fechada. Nas negociações até agora, tinham aceitado ceder duas, mantendo Inês Magalhães, que é ligada ao PT, na vice de Habitação, que organiza o Minha Casa, Minha Vida; e Marcelo Angelo de Paula, que é ligado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na vice de Governo. Mas a demora na solução pode levar a nova pressão.

FERRAMENTAS - Nos últimos dias, Lira teria ganho novas ferramentas para pressionar o governo. Está nas suas mãos, por exemplo, o ritmo que dará à PEC que limita os poderes do Supremo Tribunal Federal. Além disso, há os vetos presidenciais, a reforma tributária e o orçamento do ano que vem.

CANDIDATURA PRÓPRIA - O diretório municipal do PSDB em Nova Iguaçu já tem pré-candidato a prefeito. Trata-se do médico e empresário Henrique Paes, popularmente conhecido na cidade como Dr. Henrique. O nome de Henrique conta, inclusive, com o aval da presidente regional do PSDB, Aspásia Camargo, bastando apenas sua ratificação durante convenção eleitoral, no ano que vem.

INDEFINIÇÃO - Enquanto outras forças da política iguaçuana já deixam explícitas suas movimentações para o pleito de 2024, o prefeito Rogério Lisboa ainda não sinalizou quem será o seu candidato à sucessão municipal. Por lá, aparenta que o sono do atual mandatário segue profundo, tanto no aspecto da capacidade de articulação política, quanto na gestão do município. Comportamento letárgico!

ELEIÇÕES EMBOLADAS EM PINHEIRAL - O prefeito de Pinheiral, Ednardo Barbosa, do PSC, está em uma situação delicada com relação ao pleito do ano que vem. E piorou ainda mais no final de semana com a pré-candidatura do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Júlio Barbosa, a prefeito pelo PDT. É que o seu aliado de primeira hora, o secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca, já anunciou que o seu apoio em Pinheiral será para Luciano Muniz, conhecido na cidade como "Lulu", que viria pelo PP. Detalhe: Lulu é atualmente chefe da pasta comandada por Tutuca e tem apoio de grandes lideranças políticas no município e fora dele.

VICE TAMBÉM QUER DISPUTAR - Já a vice-prefeita de Pinheiral, Sediene Maia, quer entrar na disputa e tem a predileção do deputado estadual Munir Neto, do PSD, e de seu grupo liderado pelo irmão, o prefeito de Volta Redonda, Antonio Francisco Neto, do PP de Gustavo Tutuca. Ou seja, a definição do pré-candidato de Ednardo, que está no segundo mandato, não será nada fácil. E promete boas apostas políticas.

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