Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita: Titãs da política fluminense conversarão com Ramagem

Foi realizada, no Palácio Laranjeiras, na segunda-feira (27), a primeira reunião de alinhamento político dos partidos que formam a base do governo Cláudio Castro. Na foto, os Titãs da política fluminense, da esquerda para a direita: os irmãos Rosenverg e Washington Reis (MDB); Altineu Côrtes (PL); o vice-governador Thiago Pampolha (União); o governador Cláudio Castro (PL); Áureo Ribeiro (Solidariedade); Dr Luizinho (PP); e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL). Os partidos MDB, PP e Solidariedade foram cortejados pelo PL a entrarem em consenso em torno do nome do delegado Alexandre Ramagem para disputar a Prefeitura do Rio em 2024. A ideia foi bem aceita mas depende de um alinhamento maior nos outros municípios e dos compromissos assumidos anteriormente | Foto: CM

Guardada a sete chaves, foi realizada, nesta segunda, 27 de novembro, a reunião de alinhamento político dos partidos que formam a base do governo Cláudio Castro. O almoço foi realizado no Palácio Laranjeiras e o prato principal foi a formação de consenso nas eleições de 2024. Pelo MDB, o secretário Washington Reis; Áureo Ribeiro do Solidariedade (que tem o comando da Secretaria de Cultura); pelo União Brasil, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar; deputado Altineu Côrtes, presidente do PL (partido do Governador); e Dr Luizinho, presidente do Progressistas.

RAMAGEM QUASE UNGIDO

MDB, PP e União Brasil receberam apelo do PL para formar consenso no apoio ao deputado federal e delegado de Polícia Federal, Alexandre Ramagem. Na sexta, já tinha sido ungido pré-candidato pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do PL no jantar na churrascaria na Barra. Agora, os Titãs vão definir o cenário estadual para validar o apoio final.

LATIFÚNDIO ELEITORAL

A costura proposta pelo governador Cláudio Castro, que sai como o grande coordenador político do estado, poderá dar a Alexandre Ramagem 58% do horário gratuito na televisão e rádio, reeditando o tempo que o próprio governador conquistou na sua reeleição.

ESQUERDA DIVIDIDA

A esquerda apoia o atual prefeito Eduardo Paes, porém, de forma dividida. No seio do próprio Partido dos Trabalhadores, algumas estrelas já anunciaram apoio a candidatura do deputado federal Tarcísio Motta, entre eles o deputado Lindbergh Farias, o grande animador da militância mais festiva.

ACENO A CONSERVADORES

O prefeito Eduardo Paes tem feito alguns acenos para o eleitorado da direita. A proposta de internação compulsória dos usuários de drogas foi um gesto para agradar o eleitorado conservador, principalmente, os de núcleos tradicionais como a Tijuca, Grajaú e outros bairros. Todos sabiam que não haveria chance da ideia emplacar. Foi um factoide político que deu certo. Já o alinhamento dos partidos de direita e a concentração do tempo de televisão em um candidato com o perfil de Ramagem promove uma reviravolta e poderá ter sequelas nos planos de Paes.

CENÁRIO MUDA

Para a base aliada de Paes, se houver a união dos Titãs da política fluminense reabre a discussão da escolha do vice-prefeito, assunto que parecia resolvido com a indicação do deputado Pedro Paulo. O prefeito, sob este novo cenário, deverá fazer concessões que não estavam anotadas no seu caderninho.

PESO DA SEGURANÇA

O delegado Alexandre Ramagem não será um opositor folclórico, como alguns nomes que a direita estava apresentando. O seu perfil, atrelado à área de segurança, deve ser levado a sério. O PDT, na eleição anterior de Eduardo Paes, incomodou com a candidatura da delegada Martha Rocha. Se ela fosse para o 2º turno, deixaria a eleição em aberto. Um candidato que encarna uma solução para segurança pública sempre tem apelo forte.

CHAME A PF

Sincronizado com a escolha de um delegado federal para concorrer a prefeitura do Rio, o governador Cláudio Castro escolhe outro delegado federal para comandar a recém criada Secretaria de Segurança Pública, acabando com uma jabuticaba fluminense. O Rio era o único estado que fracionou a área de segurança. Uma ideia do governo Wilson Witzel que irritou a intervenção federal, que se recusou a fazer a transição com três diferentes interlocutores.

NACIONALIZOU

A escolha do delegado Alexandre Ramagem, com o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, nacionaliza a eleição do Rio. O presidente Lula será levado a mergulhar de cabeça na reeleição de Eduardo Paes. A capital fluminense, que sempre foi desprezada pelos medalhões nacionais da esquerda, chega em 2024 como um pilar para 2026. Ninguém imaginava que Bolsonaro, que é eleitor no Rio, fosse mergulhar de corpo e alma.

ESTRATÉGIA

Os opositores e até alguns aliados estão atônitos com as medidas realizadas pelo governador Cláudio Castro nos últimos dias. Alguns falavam que o governo envelheceu; que Castro não mandava mais em nada; que estava pactuado com Eduardo Paes; que havia entregue a segurança à Alerj... E por aí vai. Castro aguentou calado e trabalhou. Assumiu as rédeas da base aliada promovendo o início do alinhamento dos titãs da política fluminense na capital e que será levado a todos municípios fluminenses - fundamental para concretizar a união em torno de Ramagem - deixou explícita sua fidelidade e proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (para desespero dos fofoqueiros e plantadores de intriga), e ordenou a segurança pública de forma sincronizada com o Governo Federal. Muitos esquecem que foi essa habilidade de aguentar futricas em silêncio que o fez sobreviver ao impeachment de Witzel e ser reeleito no primeiro turno em 2022. Os Titãs juntos são imbatíveis e, na equação, atrairão o Republicanos por gravidade.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.