COINCIDÊNCIA? - O ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu sair de Brasília e começar a circular pelo país. Iniciou a caravana pelo Rio. Quem programou a viagem escolheu cirurgicamente uma data na qual o governador Cláudio Castro, um dos expoentes da legenda, estaria fora do país. Não foi coincidência e a conta é espetada nas costas do deputado federal Altineu Cortês e do seu fiel escudeiro, Bruno Bonetti.
DEIXARAM? - O deputado, que preside a legenda no estado, não precisou dividir o protagonismo de ser o anfitrião do ex-presidente com o governador, que integra a executiva estadual. Lamentável o general Braga Netto, que cuida da logística destas viagens, não ter se dado conta da pegadinha da data — e da ausência de Castro no país.
SEM JUÍZ…O - Estas manobras para minar as relações do governador com o bolsonarismo têm digitais de pessoas que se usufruem da intimidade com o senador Flávio Bolsonaro. Uma delas, que não se conforma de ter sido excluída do governo estadual, tenta a sua reabilitação política, mirando a possibilidade de Flávio ser candidato a prefeito do Rio. Há algumas semanas, o senador pediu ao governador para trazer o encrenqueiro de volta à máquina estadual, apesar do enorme passivo explosivo que o rapaz carrega nas costas.
NA CIDADE - Para Flávio Bolsonaro ser candidato a prefeito do Rio, o parlamentar terá que cumprir um requisito: fixar a sua residência na cidade e passar a viver o dia a dia do carioca. Algo que, de certa forma, tem ocorrido, com o aumento da presença do senador na cidade. A sua residência principal é em Brasília, onde vive com a família e costuma, inclusive, passar os fins de semana.
RISCO ELEITORAL - Os "cientistas" do PL avaliam quais seriam os prejuízos eleitorais e desgastes gerados por uma derrota de Flávio Bolsonaro no Rio. Além de trazer o nome da família e ser o filho primogênito, existem dois indicadores preocupantes: na eleição municipal, Rogéria Bolsonaro teve um pouco mais de 2 mil votos e o vereador Carlos Bolsonaro conseguiu apenas 1/3 dos votos projetados, mesmo com Jair Bolsonaro na presidência.
REDUTO - O cenário que se desenha em Brasília para 2026 é o da família Bolsonaro conquistar duas cadeiras no senado, pelo Distrito Federal. Uma com o próprio Flávio e outra com a ex-primeira-dama Michelle. No Rio, concorreriam, com chances em 2026, o governador Cláudio Castro e um candidato evangélico de peso, ligado ao bolsonarismo. A reeleição de Flávio pelo DF é considerada barbada.
CÂMARA - Neste cenário, o candidato natural à reeleição, o atual senador Carlos Portinho, receberia apoio para disputar uma cadeira de deputado federal, já que, por enquanto, não possui musculatura eleitoral para um voo solo de renovação de mandato.