Coluna Magnavita | AZUL: a verdadeira companhia aérea internacional de bandeira do Brasil
AZUL inaugura voo de Paris e restaura o conceito e empresa aérea de bandeira
Durante sete décadas, o azul foi a cor da empresa aérea de bandeira internacional do Brasil. Nas rotas de longo curso, com o Super Constellation, Boeing 707, DC-10, DC-11 e os Jumbos da Varig, simbolizavam a excelência da aviação brasileira, incorporando também a cultura da Real e Panair.
Nesta quarta, 26 de abril de 2023, quando o Airbus A-350-900 decolou de Viracopos realizando o voo AZU8700, com destino ao aeroporto de Orly, em Paris, se consolidava o retorno da cor azul ao espírito de uma companhia aérea de bandeira para orgulho dos brasileiros.
Na decolagem histórica se materializaram, novamente, os mesmos componentes que fizeram o azul da Varig referência mundial: o equipamento mais moderno, tripulação técnica altamente treinada e experiente, comissários que formam a elite nacional e uma rota que está no imaginário de todo passageiro: Paris.
A Azul, para este voo histórico, escolheu a dedo o Comandante Macari para piloto chefe do voo. Um veterano, prestes a deixar, pela idade, as rotas de longo curso e passar a voar somente no doméstico. Ele começou no internacional exatamente em um voo para Paris, nas asas da Varig. Uma materialização simbólica que não poderia ser mais perfeita e carinhosa, dentro do espírito Azul, que, a exemplo da Varig, valoriza o seu colaborador. As palavras do CEO da empresa, John Rodgerson,demonstraram este respeito ao veterano Macari. Aliás, Rodgerson já faz parte de um panteão de grandes executivos da aviação nacional, como Ruben Berta, Rolim Amaro, Omar Fontana, Flavio Musa, Carlos Luís Martins, Miguel Dau, Alberto Fajerman, Fernando Pinto, Luís Mor, Pedro Junot, entre outros que colocaram querosene de aviação nas suas veias.
A Azul, seguindo uma visão de John Rodgerson, entrou na aviação de longo curso criando pouco a pouco uma cultura de excelência. Os voos para a Flórida e, principalmente, Lisboa serviram como escola. Formaram um time de experientes tripulantes em um segmento de elite da aviação. A classe executiva evoluiu a passos largos. Hoje, é o melhor produto deste segmento das empresas aéreas que operam no Brasil.
Na TAM, presenciamos a chegada da aviação de longo curso que tentava se aproximar do padrão de uma Singapore Airlines, só que a fórmula não funcionou e do DNA do passado nada restou em uma sucessora, a LATAM, que cultiva uma hostilidade desnecessária com os seus colaboradores.
Permitindo um fluxo de comissários do doméstico para o internacional e vice-versa, a Azul usou a experiência das rotas de longo curso para trazer um upgrade ao doméstico. Um aprendizado democrático que trouxe resultados na qualidade dos serviços .
Ao decolar para Paris, com o avião certo e com um produto de excelência, a Azul passa a orgulhar o brasileiro em saber que as nossas rotas de longo curso são voadas em asas que exaltam a faixa verde e amarela da sua fuselagem. A empresa chegou a este momento lutando contra uma concorrência desleal, que tentou barrar o seu crescimento em aeroportos chaves, criou obstáculos inimagináveis e até usando práticas inconfessáveis. A empresa seguiu sozinha, não faz parte da ABEAR, dobrou finalmente seus espaços em Congonhas, criou um dos melhores programas de fidelização, possui a frota mais nova, voa para o maior número de destinos e realiza uma aviação que vai do pequeno Caravan, de nove lugares, para um A350-900, com 334 passageiros.
A emoção do Comandante Macari no speech na chegada a Orly emocionou os passageiros. No cockpit e no comando da aeronave, um veterano que participou dos anos de ouro da aviação brasileira e do respeito que cada pouso das nossas aeronaves trazia nos diferentes países. Ele teve a sorte de chegar novamente ao ápice da sua carreira, pilotando o avião mais moderno de operação no mundo e levando as cores da nossa bandeira a um dos aeroportos mais emblemáticos da aviação comercial. Quando aquela aeronave pousou, no dia 27 de abril, exatamente às 10 da manhã, no horário do Brasil, foi iniciado um novo ciclo da história da Azul. Ninguém poderia imaginar que a pequena companhia fundada pelo visionário David Neeleman levaria, anos depois, a nossa bandeira, como empresa nacional, tão longe. A família Azul trouxe o orgulho da nossa aviação de volta.
*Cláudio Magnavita é Publisher do Correio da Manhã e jornalista especializado em aviação.
