Por: Cláudio Magnavita*

Lula se apequena ao perseguir um Tenente-Coronel

Lula | Foto: José Cruz/Agência Brasi

O novo comandante do Exército, General Tomás Miguel Ribeiro Paiva, foi ajudante de ordens do Presidente Fernando Henrique Cardoso.Quando nasce uma confiança entre o chefe do Executivo e sua ordenança, o primeiro mantra é do nada escuto, nada vejo e nada digo. Que na prática, é bem diferente. Um bom AJO é que tudo vê, tudo escuta e serve de grilo falante para o chefe nos momentos de mais absoluta intimidade. O silêncio é tumular do Gabinete para fora. Não há hipótese de migrar para um livro de memórias.

Com Fernando Henrique e a sua vida íntima bem longe da Dona Ruth, a função do Ajudante de Ordem era ainda mais delicada. Um FHC arisco, namorador e que teve uma pseudo paternidade que apavorou o seu entorno.

No caso de Fernando Henrique, havia nuances delicadas ligadas a Sérgio Motta, seu sócio e ex-ministro das Comunicações, que faleceu no poder, e tinha ainda as agendas do filho e do genro. Um malabarismo para qualquer AJO.

Este discernimento sobre o General Tomás será fundamental para afastar as neuroses que estão trucidando e ameaçando afetar a carreira do Tenente Coronel Mauro César Barbosa Cid. A construção das diferentes teorias conspiratórias sobre atuação do rapaz chega a ser criminosa.

Como uma instituição com a solidez do Exército brasileiro, com o DNA de Caxias, como baluarte do estado, tem o seu comandante trocado só porque ele se recusou a punir um tenente-coronel que serviu como AJO do ex-presidente e estabeleceu vínculos de confiabilidade similares ao do General Tomás com FHC?

É inacreditável que um presidente da República se detenha ao capricho de ser tão pequeno e intervir no seu Exército para conseguir a punição de um tenente-coronel, que passou em um sistema seletivo com distanciamento histórico do resultado eleitoral, só para seguir sua carreira, exatamente como fez o general Tomás, elevado hoje ao maior posto da sua arma?

O Tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid tem nas suas veias o sangue da corporação. É filho do respeitado general Mauro Cesar Lourena Cid. Foi educado e criado em vilas militares, peregrinando pelo país. Seguiu os passos do pai e entrou no oficialato. São dezenas ou centenas de oficiais que seguem na carreira militar os passos dos seus antepassados. Esta sucessão de gerações é um dos pilares da vida verde-oliva. O próprio FHC, do General Tomás, era filho e neto de generais. Não seguiu carreira, mas foi comandante supremo das Forças Armadas.

Como o Brasil vai ser pacificado se o comandante supremo das Forças Armadas atual, Luís Inácio Lula da Silva está se apequenando ao exigir e constranger o Exército em pedir, em bandeja de prata, a cabeça de um militar exemplar em plena ascensão funcional?

Lamentável o ministro José Múcio não ter sido ouvido. As suas ponderações não são fruto do medo, são de uma maturidade e racionalidade que não deixa o fígado falar mais alto.

O que foi feito com o general Júlio César Arruda é fruto desta biles de vingança. Ele não se ofereceu para o cargo. Foi chamado pelo critério de antiguidade. Para ele foi um alívio ter sido desobrigado da coação de punir colegas ou ficar a serviço desta psicose, quase histérica e paranoica, que coloca o respeito no segundo plano. Não se vai conquistar ou seduzir a tropa oferecendo equipamentos e investimentos. Militares não são índios que se compram por bijuterias. Foi errado o tom da primeira reunião com os três comandantes. O General Arruda e o Tenente Coronel Cid sairão gigantes perante o Exército destes lamentáveis episódios.


*Diretor de Redação do Correio da Manhã