Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Bolsonaristas desqualificam elogios de Trump a Lula

Presidente norte-americano cita brasileiro em discurso | Foto: ONU/Cia Pak

Surpreendidos e decepcionados com as citações elogiosas de Donald Trump a Lula, bolsonaristas decidiram tentar inverter o jogo e passaram a divulgar que tudo não passa de uma armadilha preparada pelo presidente norte-americano.

A senha para a argumentação foi dada pelo blogueiro Paulo Figueiredo que, nos Estados Unidos, atua ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para estimular sanções contra o Brasil.

Em post no X logo depois do discurso de Trump na ONU, Figueiredo disse que Lula foi colocado em "cheque"(sic).

Isto porque, diante do convite para uma reunião com o norte-americano, o brasileiro seria obrigado a obter alguma concessão, o que o blogueiro considera impossível.

 

Saída

Eduardo republicou o post e classifciou Trump de "gênio" por ter se mostrado disposto a negociar apenas depois de ter aumentado a pressão que já provocara. Para ele, ao dizer que o Brasil vai mal sem os EUA, Trump reafirma que a anistia é a única saída.

Colo e cova

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) entrou no coro. Para ele, Trump "estressou" as negoicações e agora, "adoça a boca e chama para sentar no colo. Chamou pra cova". Segundo Portinho, o episódio mostra que o norte-americano faz jus à fama de bom negociador.

Um dia para ser esquecido pelos aliados de Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro está nos EUA desde março, onde atua como parlamentar à distância | Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Apesar da tentativa de ver como positivos para a oposição os elogios de Trump a Lula, bolsonaristas tiveram um dia ruim. Logo cedo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) publicou a impossibilidade de Eduardo Bolsonaro de assumir a liderança da Minoria, o que inviabilizou a manobra para salvar seu mandato.

Horas depois vieram o discurso do norte-americano e a decisão do Conselho de Ética de abrir processo contra o filho do ex-presidente.

Na sessão de ontem da Câmara, 17 deputados haviam citado o nome de Trump até as 18h12 — quase todos do PT; apenas um do PL.

Sem festa

O governo adorou os comentários do norte-americano ao colega brasileiro, mas quer evitar qualquer comemoração. Sabe que Trump é capaz de tomar decisões repentinas e de mudar de opinião. Teme também cair em alguma arapuca como a citada pelo PL.

Sem Lula lá

Um primeiro sinal de prudência foi dado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao dizer que a conversa entre os presidentes deverá ser por videoconferência ou por telefone. Isso, para diminuir o peso do encontro, e de um eventual fracasso na negociação.

Cabeça dura

Outro problema é que Trump não acenou com qualquer mudança na área comercial e reiterou as críticas a decisões do Supremo Tribunal Federal. Em seu discurso, ele reiterou pontos de vista que rechaçam qualquer tipo de concessão ao multilateralismo.

Vira, virou

Hoje ainda é quarta-feira, mas, ontem, governistas comemoravam a virada em relação aos fatos ocorridos na semana passada, quando perderam feio na Câmara. As manifestações foram grandes, Trump piscou e a isenção de imposto de renda será votada.