Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Radicalismo dos Bolsonaro atrapalha acordo sobre penas

Moraes com a mulher, Viviane Barci de Moraes | Foto: Ricardo Stuckert/PR

As posições radicais da família Bolsonaro — que incluem apoio a novas sanções norte-americanas — complicam negociações em torno de uma redução de penas para condenados pela tentativa golpista.

Ao comemorar a aplicação da Lei Magnitsky à advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reiterou sua posição de só aceitar uma anistia ampla — e deixou ainda mais longe da liberdade os muitos condenados pelo 8 de Janeiro.

Na avaliação de setores moderados do Congresso, ao bater pé pelo tudo ou nada e estimular a briga, a família Bolsonaro complica uma saída que envolva uma concordância até do Supremo Tribunal Federal.

 

Poder do STF

Como explicou na coluna de ontem o professor de direito Breno Melaragno Costa, o STF tem poderes até para declarar inconstitucional a redução de penas no Código Penal caso avalie que a medida tem caráter casuístico e oportunista. As mudanças teriam efeito geral.

Resistência

Relator da proposta de anistia, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) não quer comprar briga com o STF e tenta conseguir apoio entre partidos do Centrão. O problema é negociar beneficíos para condenados por tentativa de golpe sem o aval bolsonarista.

A esperança num acordo articulado por Costa Neto

Presidente do PL busca um equilíbrio | Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto é encarado como o único capaz de costurar uma solução dentro de seu próprio partido.

Nos últimos dias, ele afirmou respeitar a decisão do STF de condenar o ex-presidente da República e trocou acusações públicas com Eduardo Bolsonaro.

Costa Neto, porém, sabe que não pode romper com o responsável pela transformação de seu partido no dono da maior bancada na Câmara, o que se reflete diretamente na arrecadação de recursos públicos.

Ele já indicou aceitar a proposta de redução de penas, mas não quer ver o partido rachado.

PT contra

As manifestações de domingo passado reforçaram a convicção do governo de que não cabe à sua base fazer qualquer concessão que permita algum benefício a condenados. Para petistas, a eventual redução de penas é problema da direita, não deles.

Os grupo dos 12

A reação negativa ao voto de 12 petistas a favor da PEC da Blindagem mostrou para o Planalto que qualquer tentativa de conciliação será ruim. Ontem, até o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), botou no pé no freio da anistia, ao falar em "pautas tóxicas".

A paz

A apresentação de artistas no Rio marcou a reaproximação de dois gigantes da nossa música: Paulinho da Viola e Gilberto Gil. Eles romperam relações há quase 30 anos, em meio à discussão sobre cachês por show na mesma Copacabana no réveillon de 1996.

Ofensa

Paulinho reclamou ao saber seu cachê era 30% dos de Gil, Gal Costa, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Chico Buarque. O baiano chegou a dizer que poderia considerar o carioca "canalha e mentiroso". Domingo, Gil acompanhou Paulinho com sua guitarra.