O radicalismo e, mesmo, a teimosia da família Bolsonaro têm dificultado até mesmo a atuação do Centrão na busca de uma alternativa que viabilize alguma anistia ou redução de penas.

O impasse atrapalha as articulações em busca de uma candidatura de direita para 2026 e mina a simpatia de alguns setores com o ex-presidente.

Como ressalta um veterano deputado de viés conservador, o Centrão não vive de briga, mas de soluções: procura usufruir do poder e armar planos para manter e, mesmo, aumentar seu característico toma lá-dá cá.

O grupo — uma frente heterogênea — sabe da importância de Jair Bolsonaro e dos votos que controla, mas não aceita abrir de tudo, até do futuro, em troca de sua liberdade.

Mesmo depois de o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), declarar apoio à anistia ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Hugo Motta (PB), presidente da Câmara, continua tocando a bola pro lado. Motta e Tarcísio também sáo do partido.

Favorito da direita para disputar o Planalto, o governador de São Paulo voltou a dar passos incertos. Depois de chamar o ministro Alexandre de Moraes de tirano, ele ficou em silêncio na semana passada. Ontem, adiou para hoje uma ida a Brasília para tratar de anistia.

Ao declarar que as condenações decididas pelo Supremo Tribunal Federal têm que ser respeitadas e que um golpe de Estado chegou a ser planejado, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, emitiu sinais claros de discordâncias com o bolsonarismo.

Representante do PL-raiz, que nunca se comprometeu com questões ideológicas, Costa Neto é grato a Bolsonaro por ter alavancado a bancada federal do seu partido — mas não quer morrer abraçado ao ex-presidente.

O problema, ressalta o veterano deputado, é que o bolsonarismo só sabe atuar de maneira radical. E, agora, só aceita uma solução que inclua a anistia a Bolsonaro.

A falta de apoio da maioria da população à anistia detectada pelo Datafolha, a recuperação de parte da popularidade do presidente Lula e a ameaça de novas sanções norte-americanas também complicam a adesão de setores moderados ao tudo ou nada bolsonarista.

Boa parte do Câmara quer usar a anistia também para dar um troco ao ministro Flávio Dino, que ontem estabeleceu novas restrições ao pagamento de emendas palarmentares. O problema é que o Centrão, especialista em perdas e ganhos, não pretende piorar a situação.

Em seu show, Maria Bethânia arranca aplausos entusiasmados ao cantar o samba 'Vera Cruz', de Xande de Pilares e Paulo César Feital. A letra, projetada no telão, diz "O meu próprio povo me conduz/ Tem que respeitar/ Chefe de outra pátria não me induz / Quem vai me guiar".

Militares do Exército, Rubens Gomes Carneiro e Antonio Waneir Pinheiro Lima, foram condenados pela Justiça Federal a indenizar a família do advogado e militante Paulo de Tarso Celestino da Silva, preso ilegalmente em 1971 e torturado na Casa da Morte, em Petrópolis.