Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Radicalismo de Tarcísio de Freitas anima Planalto

O governador atacou Alexandre de Moraes, do STF | Foto: Reprodução Youtube

O discurso violento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no domingo passado, animou partidiários da reeleição do presidente Lula (PT).

Na avaliação governista, ao radicalizar suas posições para conquistar eleitores bolsonaristas, Tarcísio perde força em setores mais moderados da população, decisivos no pleito.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada em agosto revela que 33% dos eleitores são de esquerda, o mesmo percentual dos que classificam como de direita. Do total, 30% disseram não ter posicionamento.

A fala do governador, dizem petistas, desgasta sua imagem de moderado e o afasta dos eleitores que não são Lula nem Bolsonaro, que querem um pouco de paz.

 

O escolhido

O Planalto, porém, não tem dúvidas de que Tarcísio é o candidato preferencial da direita e do Centrão. Para os governistas, sem este aval, o governador não iria de forma tão direta para o ataque — não precisaria disso para se reeleger em São Paulo.

Fora do jogo

A entrevista do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), semana passada, à Folha de S.Paulo é vista como o atestado de que Jair Bolsonaro não recuperará o direito de se candidatar, mesmo se for anistiado. Para Nogueira, o ex-presidente sabe que não será candidato.

Anistia: governo quer adiar ao máximo a votação

Bolsonaro depôs na Primeira Turma no STF | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Certo de que a anistia seria aprovada, pelo menos, na Câmara, o governo quer impedir sua votação. Se não der, pretende enrolar o máximo a tramitação da proposta.

Para o Planalto, a retomada do julgamento de Bolsonaro e de outros réus do chamado núcleo principal do golpe impedirá qualquer análise de anistia ao longo desta semana.

A tentativa de adiamento de votação de anistia pelo plenário ocorrerá mesmo depois da provável condenação de Bolsonaro. O governo pretende sustentar que será necessário esperar a transição do caso em julgado para considerar o processo encerrado, o que, então, permitiria que o projeto seja avaliado.

Embargos

O acórdão com a decisão do STF pode levar até 60 dias. Depois disso, as defesas terão cinco dias para apresentar embargos declaratórios e cinco dias para apresentação de embargos declaratórios — para esclarecer dúvidas — e mais 15 dias para embargos infringentes.

Sem pressa

Pelo cronograma do Planalto, o encerramento do processo poderia ficar dezembro, às vésperas do recesso parlamentar, que começa no dia 23. A anistia passaria então para 2026. Os réus também não teriam pressa, já que seriam presos logo depois do trânsito em julgado.

Gol contra

A presença da bandeira norte-americana no ato bolsonarista em São Paulo foi muito comemorada no Planalto. Por lá, o pastor Silas Malafaia foi ironizado ao tentar atribuir o fato à esquerda — o pavilhão dos EUA está sempre presente em manifestações do grupo.

Equiparação

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) ressalta que, no Rio, havia também bandeiras de Israel, Itália e Argentina. "Só não tinha do Hamas, China, Venezuela ou comunistas" (para ele, a bandeira da Palestina, presente em atos de esquerda, é "quase o mesmo" que a do Hamas).