Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Apoio a Tarcísio e resistência ao PT mudaram Centrão

Governador de São Paulo passou a brigar por anistia | Foto: Secom

Antes reticentes em relação a um projeto de anistia ampla, partidos do Centrão mergulharam de cabeça na proposta a partir de alguns fatores que ficaram mais evidentes na semana passada.

A lista começa com a necessidade de o candidato favorito da turma à Presidência, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ficar bem com o clã Bolsonaro — ele sabe que, sem votos da extrema direita, não terá chance na disputa pelo Planalto.

Outro dado importante é a certeza, principalmente entre lideranças do PP e do União Brasil, de que, num eventual quarto e último mandato, o presidente Lula (PT) não terá o menor carinho com o Centrão: está cansado de tomar bola nas costas em votações na Câmara dos Deputados.

 

Emendas

Outro problema tem a ver com as investigações da Polícia Federal relacionadas, principalmente, com desvios de recursos de emendas parlamentares. Ao reforçar os laços com o bolsonarismo, o Centrão procura criar um núcleo de resistência ao avanço dos inquéritos.

Efeito Dino

Entre a maioria dos deputados há a certeza de que Lula está por trás das sucessivas decisões do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que emperram a liberação de verbas de emendas e abrem caminho para a PF. Muitos temem ser a bola da vez.

Mesmo com cargos, grupo se aproxima de Bolsonaro

Arthur Lira: conversas com ex-presidente | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

A movimentação do Centrão ocorre apesar de o grupo manter cargos estratégicos na estrutura do governo.

Destinatária de muitas emendas parlamentares, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) é presidida por Lucas Felipe de Oliveira, aliado do deputado Elmar Nascimento (União-BA).

O presidente da Caixa, Carlos Vieira Fernandes, foi indicado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Fernandes foi presidente do Conselho de Administração da Codevasf. Lira tem sido um dos principais interlocutores de Bolsonaro em conversas sobre anistia.

Irritação

Outro cacique do Centrão, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) ficou irritadíssimo com a notícia, publicada pelo site ICL Notícias, de que ele teria recebido dinheiro do esquema que envolve o PCC e grupos empresariais, alvo de operações na semana passada.

Recuo petista

Um dos autores da reportagem, reproduzida no site do PT, tem um programa na EBC, Empresa Brasil de Comunicação. Em post, Nogueira acusou Lula e o ministro Sidônio Palmeira (Comunicação Social) de tentarem intimidá-lo. O PT retirou a notícia do site.

O favorito

A insistência de Lula em falar de Tarcísio reforça que o presidente prefere enfrentá-lo nas urnas em 2026. O motivo é simples: o governador briga com as armas da política; já Michelle Bolsonaro joga no campo da religião e do comportamento, terreno mais pantanoso.

Exagero

A abrangência do projeto do PL publicado pela coluna assustou deputados simpáticos à anistia ao propor o fim da inegibilidade de Bolsonaro e perdão até para milícias formadas com viés político. A proposta reforçou a ideia de uma simples redução de penas.