Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Denúncia e eleições: o jogo duplo da direita

Paulo Gonet, autor da denúncia contra Bolsonaro | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A direita vai manter o discurso de que a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro é uma narrativa fantasiosa, sem provas, uma perseguição política.

Mas sabe que vai ser complicado ficar amarrada ao ex-presidente, que tem grandes possibilidades de ser condenado e preso. Não quer desperdiçar o desgaste do governo Lula, o que amplia as chances de candidatos de oposição para a disputa presidencial de 2026.

A ordem é demonstrar solidariedade ao ex-presidente e insistir no tema da anistia — até para não criar desgastes com ele e com seus eleitores. Mas, ao mesmo tempo, vai tratar de acelerar a construção de alternativas. O nome mais óbvio é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

 

Teste de rua

Marcados para o dia 16, os atos por anistia e contra Lula passaram a ser encarados como um teste, principalmente em relação à popularidade de Bolsonaro. Um baixo comparecimento de público indicaria que os ventos são mesmo desfavoráveis ao ex-presidente.

Cálculo

Há também a certeza de que o Carnaval será palco de muitas manifestações contra Bolsonaro e de que a denúncia deverá ser aceita antes do dia 16. A conta é simples: a ação da PGR atiça os radicais, mas tende a afastar os moderados, que são decisivos numa eleição majoritária.

PL acerta o passo na disputa por comissões na Câmara

Espelho meu: Motta ajudará a definir presidências | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Dono da maior bancada na Câmara, o PL aceitará ficar com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça caso o presidente da Casa, Hugo Motta (Repub-PB), diga que ela está prometida ao MDB.

Neste caso, o partido optaria pela de Fiscalização e Controle — que pode convocar ministros do governo a qualquer momento — e a de Relações Exteriores, que iria para Eduardo Bolsonaro (SP).

O partido de Bolsonaro tem direito a indicar seis presidentes, além da prioridade de escolher as duas primeiras comissões que comandará. A federação liderada pelo PT tem o direito à terceira escolha, e também quer a de Fiscalização.

Valdemar

Os petistas também estão de olho na de Educação, em 2024 comandanda por Nikolas Ferreira (MG). Se ficar sem ela, o PL vai insistir em ficar com a de Saúde. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, quer muito comandandar o grupo, alega ser pedido de prefeitos.

Briga no RJ

Parte da bancada fluminense quer que o PL reivindique a Comissão de Minas e Energia — o estado é o maior produtor de petróleo do país. Entre os líderes na Câmara, cinco são do Rio, inclusive os do PT, Psol e do partido de Bolsonaro. O problema é que eles brigam muito.

Aposta

O deputado Tarcísio Motta (Psol), candidato derrotado na disputa pela prefeitura do Rio, não afasta a possibilidade de o prefeito Eduardo Paes (PSD) ter jogado pra perder ao propor a criaçao da Força Municipal de Segurança, uma versão armada da Guarda Municipal.

Justificativa

Para ele, a proposta encaminhada à Câmara do Rio tem tantos artigos inconstitucionais — detalhados ontem pela coluna — que o prefeito deve ter optado para fazer um jogo para a plateia: caso seja derrotado, poderá alegar que tentou ajudar na segurança, mas foi impedido.