Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Lira tira anistia do controle de deputada bolsonarista

Caroline de Toni, presidente da CCJ | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A criação de uma comissão especial para tratar da anistia a envolvidos em atos golpistas teve também o objetivo de tirar o projeto do controle da presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC).

Ao anunciar a mudança na tramitação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), citou a importância de desvincular o tema da eleição para seu sucessor. O PL condicionava o apoio ao candidato por ele indicado à aceleração da anistia; o PT ia na direção oposta.

A velocidade imposta por Caroline ao projeto piorava a situação: o perdão aos acusados e condenados tem o poder de criar novas arestas também com o Supremo Tribunal Federal, responsável pelos julgamentos.

 

Bola pro mato

Ontem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o tema poderá ser apreciado pela comissão ainda este ano, mas a tendência é o caso ser definido apenas na próxima gestão da Câmara, a partir de fevereiro. Afinal, Lira mostrou que quer jogar a bola pra longe.

Bola de cristal

O projeto, do então deputado Major Vitor Hugo (PL-GO) é de novembro de 2022, antes do 8 de Janeiro. Propõe perdoar os participantes de atos a partir de 30 de outubro (quando Lula foi eleito) até a data da sanção da anistia. Previa a possibilidade de mais confusao.

Ex-presidente evitou apoiar adversários na direita

Tarcísio é um dos temidos por Bolsonaro | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Boa parte das confusões que Bolsonaro arrumou na eleição está relacionada com a necessidade de tentar impedir o eventual crescimento de adversários de direita em 2026. Apesar da inegibilidade, ele mantém a esperança de participar do pleito.

Em São Paulo, deu apoio envergonhado a Ricardo Nunes (MDB), bancado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em Curitiba (PR), largou Eduardo Pimentel (PSD), apoiado pelo governador Ratinho Jr. (PSD), também um possível presidenciável.

Já em Goiânia (GO) lançou adversário para o candidato de Ronaldo Caiado (União Brasil), que quer voltar a tentar o Planalto.

Fora do PL

Curiosidade: nenhum desses três governadores, possíveis candidatos à Presidência, é filiado ao PL. Pelo sim, pelo não, todos acham mais prudente manter alguma distância de Bolsonaro. A eleição mostrou que eles têm razão em ter cuidado com o ex-presidente.

Rasteira

Um deputado do PL disse que, na campanha, Bolsonaro cometeu um dos maiores pecados da política — escantear aqueles que tinha se comprometido a apoiar. Ressalta que o ex-presidente indicou pessoalmente os candidatos a vice em Curitiba e em São Paulo.

Tropa de elite

Para o parlamentar, porém, a estratégia de a direita lançar mais de um candidato forte à Presidência seria interessante. Permitiria que houvesse mais pessoas para bater no presidente Lula. O problema é que, hoje, ninguém pode tocar nesse assunto com Bolsonaro.

Sem pressa

Até as 18h10 de ontem, estava parada na Justiça Eleitoral a ação de Guilherme Boulos contra Tarcísio e Nunes por abuso de poder (a história do suposto apoio do PCC ao Psol). Segundo o site do TRE, o último movimento foi no domingo, a juntada de "petição de petição"