Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Vitoriosos, PSD e MDB avaliam juntos o futuro

Gilberto Kassab e Baleia Rossi: PSD e MDB | Foto: Montagem/mctic.gov.br e Michel Jesus

Maiores vencedores das eleições municipais, PSD e MDB já andam trocando olhares carinhosos e não descartam a possibilidade, de mais à frente, decidirem dar as mãos e caminharem juntos para 2026.

Isso não implicaria necessariamente no lançamento de candidato em comum para a Presidência da República, mas num acordo para que os dois ficassem do mesmo lado na próxima eleição.

Ambos comandam ministérios de Lula e também posam de oposição em estados e municípios. Por jogarem com desenvoltura à esquerda e à direita, são vistos com cobiça pelos dois grupos.

As conversas entre eles têm uma premissa: separados, são fortes; unidos teriam a chance de ficarem imbatíveis.

 

Eleitor sem dono

PSD e MDB concordam: as derrotas de candidatos apoiados por Lula e por Jair Bolsonaro mostraram que os dois, ainda que muito importantes, não têm um poder de ditar o voto dos seus simpatizantes. Ou seja: vão precisar de apoios e de estrutura para vencer.

Federação

Não há, por enquanto, a expectativa de que os partidos venham a formar uma federação. Mas isso deverá mudar caso PP, Republicanos e, eventualmente, União Brasil, decidam se juntar. PSD e MDB conquistaram, no total, 1.742 prefeituras; entre elas, dez de capitais

Lamento e preocupação com ataque de Tarcísio

Nunes e Tarcísio comemoram a vitória | Foto: Divulgação/Campanha do MDB

Mesmo com a vitória expressiva de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo, aliados lamentam a canelada do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Numa entrevista após votar, ele citou suposto relatório da polícia em que o PCC pediria votos para Guilherme Boulos (Psol).

Como a coluna detalhou ontem, nesses casos, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral permite até a cassação do diploma de Nunes e a decretação de inegibilidade de Tarcísio. Boulos recorreu ao TRE no próprio domingo.

Para advogados da campanha do emedebista, há risco de punições pesadas, dependendo da direção dos ventos que soprarem na Justiça.

Sem certeza

Nem mesmo a nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo banca a autenticidade dos bilhetes citados por Tarcísio e reproduzidos por sites. O texto fala em interceptação de mensagens "atribuídas a uma facção criminosa". Diz que a polícia investiga o caso.

Alma gêmea

Outro problema para Tarcísio: a fala sobre PCC e Boulos abala a imagem de equilíbrio, de bolsonarismo light, que ele vinha tentando construir. Ao usar, no dia da eleição, informação confidencial e não confirmada, ele demonstrou usar a mesma estratégia de seu líder.

PT reclama 1

Vice-presidente do PT, Washington Quaquá, deputado e prefeito eleito de Maricá (RJ), nem esperou as urnas esfriarem para desancar a decisão de seu partido — bancada por Lula — de apoiar Boulos em São Paulo. Chamou a derrota de "crônica de uma morte anunciada".

PT reclama 2

Defensor de alianças que reforcem as campanhas presidenciais petistas, Quaquá postou que o partido deveria ter apoiado Márcio França ou Tabata Amaral — ambos do PSB — ou Ana Estela Haddad, mulher do ministro da Fazenda. Ainda disse ser "petista raiz e histórico".