Grande vencedor do primeiro turno — 882 de seus candidatos a prefeituras foram eleitos —, o PSD desponta como um grande parceiro em 2026: o problema é saber se a aliança vai ocorrer à esquerda ou à direita.

A exemplo do MDB, o partido fundado e comandado por Gilberto Kassab pode ir pra lá ou pra cá.

Hoje, consegue estar representado no ministério de Lula e no gabinete de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador São Paulo e uma das grandes estrelas da direita. Kassab é secretário estadual de Governo e de Relações Institucionais.

O PSD tem uma bancada semelhante à do MDB na Câmara (45 contra 44) e superior no Senado (15 a dez), mas guarda uma grande vantagem: o partido tem dono.

Diferentemente do MDB, que mantém sua histórica característica de ser dominado por caciques regionais, o PSD tende a subordinar interesses estaduais a questões mais amplas, definidas por seu presidente. O que vale mesmo é o que Kassab define.

Presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP) é mais um articulador de diversos interesses estaduais, não demonstra ter condições de assumir um peso nacional. As grandes lideranças do partido são o governador do Pará, Helder Barbalho, e o senador Renan Calheiros (AL).

A eventual reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), reforçará o poder de Baleia, mas o PSD também participa da mesma coligação. E, diferentemente do colega do MDB, Kassab não esconde planos para o futuro: anunciou que estará com Tarcísio em 2026.

De olho na vaga de vice na eventual chapa de reeleiçao do governador, ressalva que o projeto presidencial do aliado é para 2030. A equação permite que ele apoie Lula em 2026 na disputa pelo Planalto e herde o governo paulista no pleito seguinte.

O PSD elegeu 6.622 vereadores em 6 de outubro; o MDB, 8.109. O partido de Baleia garantiu 856 prefeituras.

E por falar em São Paulo. A anunciada partipação de Jair Bolsonaro num ato fechado, de integrantes do PL, em apoio a Nunes reforça que o ex-presidente deverá ser mantido a uma distância segura da campanha. O MDB teme a rejeição ao bolsonarismo e sua postura radical.

A proposta de emenda constitucional que dá ao Congresso o direito de suspender decisão do Supremo Tribunal Federal que, a seu ver, contrarie a Constituição esbarra num obstáculo intransponível. Pela Constituição, cabe ao STF definir o que é... constitucional.

Governadora petista do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra transformou em lei o projeto aprovado pela Assembleia Legislativa que autoriza a leitura de textos bíblicos em escolas. Isso, como fonte para estudos culturais, históricos, geográficos e arqueológicos.

O projeto não passa de biombo para pregação religiosa em espaço laico — desde quando era proibido citar a Bíblia em estudos? E já que o precedente foi criado, é preciso aprovar lei que permita a leitura e discussão de textos sobre a rica mitologia de origem africana.